Foi só uma coincidência, digamos assim, mas bastou cutucar a onça com vara curta para o troco ser de imediato. Nem bem tinha vazado a intenção de setores do governo de criar a Comissão da Verdade, para remexer no passado da época da ditadura, o que matou de raiva os militares, houve vazamento de que a Aeronáutica preferia o caça Grippen, sueco, ao Rafale, francês, para equipar a Força Aérea Brasileira. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que já tinha ficado irritado com a história da comissão proposta pela Secretaria de Direitos Humanos, ficou ainda mais irritado com o troco da FAB. Até porque, jura, o estudo não estabelece preferência, apenas destaca as virtudes e defeitos de cada proposta, incluindo a norte-americana, da Boeing, com o F-18.
O assunto já se arrasta há anos e o presidente Lula é quem vai bater o martelo. Bem, isso se não deixar o abacaxi para seu sucessor, ou sucessora, descascar. Se depender de sua vontade, o acordo será fechado com a França, por causa da transferência de tecnologia e da construção de uma planta no Brasil para produzir os caças, em parceria com a Embraer ou com outra empresa criada especialmente para este fim. Foram avançadas, neste sentido, as conversas que Lula teve com o presidente francês Nicolas Sarkozy. No caso do caça norte-americano, é grande o receio de não haver, como prometido, a transferência de tecnologia. O conjunto das forças militares brasileiras duvida que isso aconteça.
No meio da confusão, duas coisas são certas. A FAB vai ter seus aviões, independentemente de sua preferência. Vai prevalecer o interesse político e estratégico para o país e quem vai tomar a decisão é o presidente. E a turma dos direitos humanos não vai levar na tentativa de reabrir as feridas do passado. Lula não vai querer arranjar uma confusão deste tamanho agora que voa em céu de brigadeiro.
PINGA FOGO
Uma coisa é certa. Com tanta confusão envolvendo os militares, da Comissão da Verdade à polêmica da compra dos caças, o melhor que o governo faz agora é arremeter.
Fonte: Estado de Minas
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