O futuro da Força Aérea portuguesa poderá não passar pelos caças de 5ª geração norte-americanos. O ministro da Defesa sublinha que “o mundo mudou” e que é preciso considerar “as melhores opções”, incluindo alternativas de produção europeia. É neste contexto que a sueca Saab levou a Portugal o Gripen E, seu caça de última geração, para assinar dois memorandos de entendimento com empresas da BID portuguesa e apresentar uma aeronave que promete rivalizar com os melhores caças do mundo.
Para Daniel Boestad CEO da Saab, o conceito de gerações de caças é menos relevante do que a capacidade de evolução contínua dos sistemas. “A tecnologia furtiva está, na verdade, um pouco desatualizada. Por isso, o sistema de guerra eletrónica é muito mais adaptável”, afirma. Segundo Boestad, a flexibilidade e a capacidade de adaptação são mais importantes do que permanecer indetectável em combate.
O Gripen E aposta em sistemas avançados de guerra eletrónica que criam uma “bolha eletrônica de 360 graus”, permitindo que a aeronave opere mesmo em ambientes altamente contestados. Embora não tenha tecnologia furtiva completa, o caça sueco apresenta design compacto e reduzida assinatura de radar, aliado a radares AESA que proporcionam elevada consciência situacional ao piloto.
Outro diferencial do Gripen é sua arquitetura de software aberta, que separa hardware de voo e sistemas táticos. Isso permite a integração rápida de novas funcionalidades, como a instalação de inteligência artificial em apenas uma semana, algo sem paralelo entre outras aeronaves. “É um caça que vai durar décadas porque será constantemente atualizado”, reforça Boestad.
Além da capacidade de inovação, o Gripen E destaca-se pela facilidade de manutenção e pela versatilidade operacional, podendo utilizar estradas como pista de decolagem e pouso e operar em ambientes hostis. Com reabastecimento em voo e alcance estendido, o caça pode cobrir todo o território português, incluindo a Zona Económica Exclusiva (ZEE), complementado pelo KC-390 da Embraer em missões conjuntas.
O custo operacional é outro ponto forte apontado pela Saab. Embora não haja valor unitário divulgado, Boestad garante que operar o Gripen é cerca de um terço do custo dos seus principais concorrentes, como F-35 e Rafale. “O importante não é o preço de cada unidade, mas o custo total da frota ao longo da sua vida”, explica.
O interesse de Portugal pelo Gripen E vai além do preço. A política de modernização das Forças Armadas portuguesas prioriza o envolvimento da indústria nacional, garantindo autonomia estratégica. Nesse sentido, a Saab assinou memorandos de entendimento com a OGMA e a Critical Software, visando produção, manutenção e desenvolvimento de software para a aeronave. “São parceiros excelentes independentemente da decisão de compra do Gripen”, afirma Boestad.
O sucesso do programa Gripen no Brasil, com a aquisição inicial de 36 caças, transferência tecnológica e cerca de 13 mil empregos altamente qualificados, serve de modelo para Portugal. A Saab acredita que o país possui empresas capazes de integrar a cadeia global de fornecimento e manutenção da aeronave, fortalecendo a indústria portuguesa e a cooperação estratégica, mas ressalta que a decisão final cabe ao Governo português.
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