sábado, 15 de novembro de 2025

PT tenta desviar recursos e expõe descaso do governo com a defesa nacional

A aprovação de um pacote emergencial de 30 bilhões de reais para as Forças Armadas nos próximos seis anos deveria ter sido um momento de consenso nacional. Afinal, o próprio ministro da Defesa, José Múcio, havia alertado que a situação da Defesa brasileira era tão grave que faltavam recursos até para manter aeronaves oficiais em voo, além de combustível, peças, munição e investimentos tecnológicos. No entanto, mesmo diante desse quadro crítico, o governo petista protagonizou um episódio que escancarou mais uma vez seu distanciamento e desinteresse histórico em relação às questões de defesa nacional.

Segundo revelou a revista Veja, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), tentou alterar de última hora o destino de 10% dos recursos destinados aos militares, redirecionando parte do montante para a Estratégia Nacional de Enfrentamento ao Crime Organizado. Embora a pauta do combate ao crime seja importante, a manobra foi lida, dentro e fora dos quartéis, como uma tentativa clara de reduzir o socorro emergencial às Forças Armadas em um momento de colapso orçamentário. A emenda acabou rejeitada pela oposição, mas o gesto acendeu o sinal de alerta e irritou profundamente a cúpula militar, que levou o desconforto até o presidente Lula.

O episódio ocorreu justamente quando o Congresso finalmente se mobilizava para reparar anos de sucateamento. O Senado havia aprovado um projeto que garante os 30 bilhões em caráter prioritário, distribuídos ao longo dos próximos seis anos, inclusive com valores fora do limite fiscal tradicional, justamente para permitir que programas essenciais como o Sisfron, o caça Gripen E/F e o Submarino Nuclear não sofram paralisações. A tentativa de interferência do PT dentro desse pacote foi vista como mais um capítulo da relação nebulosa entre o partido e as Forças Armadas, constantemente marcada por desconfiança, divergências ideológicas e um histórico de baixa priorização orçamentária.

Para muitos analistas, a atitude de Lindbergh Farias simboliza o pensamento predominante dentro da ala ideológica do PT: a Defesa não é vista como uma prioridade de Estado, mas como um setor que pode ser sacrificado quando outras pautas políticas surgem. Isso contrasta fortemente com o cenário internacional, em que países emergentes investem pesado em modernização, tecnologia militar e autonomia estratégica, enquanto o Brasil ainda tenta manter equipamentos básicos funcionando.

O gesto também evidencia um problema mais profundo: a falta de compreensão do governo petista sobre o impacto real do desfinanciamento militar na soberania. Sem recursos adequados e previsíveis, projetos estratégicos se arrastam, capacidades operacionais se deterioram e o país perde relevância num mundo cada vez mais turbulento. Não se trata de militarismo, mas de responsabilidade institucional. Um país continental, com fronteiras vulneráveis, Amazônia pressionada, litoral imenso e papel regional relevante, não pode tratar sua Defesa como moeda de troca ideológica.

A tentativa de boicote, ainda que frustrada, reforçou a percepção, dentro da Defesa, de que a atual gestão não possui um compromisso consistente com o fortalecimento das Forças Armadas. O Congresso, ao aprovar o pacote financeiro, fez sua parte para tentar corrigir um quadro de sucateamento prolongado. Já o governo, pelas próprias ações de seus líderes partidários, mostrou que continua distante de enxergar a defesa nacional como prioridade estratégica, e não como obstáculo político.


GBN Defense - A informação começa aqui

com Revista Veja


Nenhum comentário:

Postar um comentário