quinta-feira, 17 de julho de 2025

Israel intensifica ataques na Síria para proteger comunidade drusa em meio a escalada de violência sectária

O Exército de Israel intensificou sua ofensiva na Síria nesta quarta-feira (16), ao atacar diretamente a entrada do Ministério da Defesa sírio, no centro de Damasco. A ação, justificada como uma medida para proteger a minoria drusa no sul do país, marca o terceiro dia consecutivo de operações militares israelenses em território sírio, ampliando as tensões em uma região já marcada por instabilidade e violência.

Os bombardeios ocorrem em meio a uma escalada de confrontos armados na cidade de Sweida, onde forças do governo sírio e milícias drusas locais entraram em choque. Os drusos, uma seita religiosa com cerca de um milhão de seguidores no mundo, sendo aproximadamente 700 mil na Síria, vivem majoritariamente no sul do país e historicamente mantinham uma relação de lealdade ao regime de Bashar al-Assad. No entanto, com a queda de Assad no final de 2023 e a ascensão do líder islâmico Ahmed al-Shaar, os drusos passaram a ser alvo de perseguições e ameaças de grupos extremistas.

A tensão em Sweida teve início após o sequestro de um comerciante druso na estrada entre a cidade e a capital, Damasco, um episódio que desencadeou uma cadeia de represálias violentas entre milícias drusas e tribos beduínas sunitas. O governo sírio tentou intervir enviando tropas para conter os conflitos, mas as forças acabaram se enfrentando com os próprios drusos. Um cessar-fogo chegou a ser anunciado, mas entrou em colapso rapidamente diante da continuidade dos combates.

Em resposta à violência crescente contra a comunidade drusa, o Exército de Israel lançou uma série de ataques aéreos e com drones, atingindo alvos militares do regime sírio, incluindo tanques, veículos blindados e postos de comando. De acordo com o IDF (Forças de Defesa de Israel), o objetivo é impedir massacres e garantir a desmilitarização das áreas próximas à fronteira israelense, além de enviar um sinal de proteção à comunidade drusa na Síria. Fontes do Ministério da Defesa sírio confirmaram que ao menos dois drones atingiram a sede do ministério em Damasco, forçando os policiais a se abrigarem no porão. A TV estatal Elekhbariya relatou que dois civis ficaram feridos no ataque.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em declaração conjunta com o ministro da Segurança Nacional Israel Katz, confirmou que as operações foram autorizadas para proteger os drusos e conter avanços do novo governo sírio sobre civis. A ação israelense também tem motivações internas: Israel abriga cerca de 130 mil drusos que, ao longo das décadas, se integraram plenamente à sociedade israelense e prestam serviço nas Forças Armadas. Netanyahu busca agora aproximar a comunidade drusa síria, incentivando-a a adotar uma postura mais alinhada com os interesses de Israel diante da nova ordem política imposta por facções islâmicas em Damasco.

Por outro lado, a Síria condenou veementemente os bombardeios, classificando-os como uma “agressão insidiosa” e afirmando que diversos militares e civis foram mortos nos ataques. O Ministério das Relações Exteriores sírio denunciou o uso coordenado de drones e bombardeios aéreos por parte de Israel, acusando o Estado judeu de violar a soberania nacional e o direito internacional.

O conflito atual expõe a fragilidade da situação síria após anos de guerra civil. Com a queda do regime de Assad, os drusos se viram isolados e ameaçados por grupos sunitas ortodoxos, que os consideram hereges por sua fé sincrética que mescla elementos do islamismo xiita, cristianismo, budismo e outras tradições. A perseguição ganhou novo fôlego após a divulgação, no final de abril, de uma gravação de áudio em que um druso anônimo insultava o profeta Maomé. O episódio provocou ataques a cidades drusas como Jaramana e Ashrafiyat Sahnaya, resultando em dezenas de mortos.

Com o acirramento dos conflitos, cresce o temor de que a atual crise evolua para um confronto regional mais amplo, envolvendo outras potências e grupos armados. A intervenção direta de Israel, embora focada na proteção de uma minoria aliada, pode desencadear reações de aliados do regime sírio, como o Irã ou o Hezbollah, tornando a situação ainda mais volátil. Enquanto isso, a população drusa continua presa entre antigos aliados que já não os protegem e novos inimigos que os consideram inimigos da fé.


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