segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Universidade desenvolve bioquerosene de aviação


A produção de combustíveis de aviação também está na pegada verde. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio de sua Faculdade de Engenharia e Química (FEQ), desenvolveu um procedimento para a produção de bioquerosene a partir de óleos vegetais. O principal mérito do projeto é ter atingido um elevado nível de pureza do energético, ainda não verificado no mercado nacional e internacional, a custos reduzidos.

Umas das principais vantagens é que qualquer tipo de óleo vegetal pode ser usado como matéria prima, inclusive a mistura de diferentes óleos. O método permitiu o alcance de 99,9% de pureza do produto, a custos também inferiores ao verificado no mercado. No processo produtivo, descontando o valor da matéria prima, o custo ficou em US$ 0,5 (cinco centavos de dólar) o litro do bioquerosene. A estimativa é que os valores finais cheguem a ser 30% mais baratos em relação ao combustível fóssil. A explicação é do professor do Departamento de Processos Químicos da FEQ e coordenador do estudo, Rubens Maciel Filho.

O alto grau de pureza é ideal para o uso do combustível em elevadas altitudes, isso porque as reações não comprometem a eficiência do energético. Maciel Filho esclarece que em altitudes elevadas a asa do avião pode chegar a uma temperatura de 40º C negativos, o que poderia acarretar na cristalização e posterior congelamento do combustível, no caso de pureza inferior.


Tecnologia

Pesquisa

A pesquisa, com o bioquerosene, levou dois anos para ser concluída e é resultado de mais de 10 anos de estudos sobre biocombustíveis, biorrefinarias e energias renováveis realizados na faculdade. Os dados colhidos ao longo dos anos foram importantes subsídios para chegar à tecnologia, ressalta Maciel Filho.

Após sua extração e refino, o óleo é colocado em um reator, junto com uma quantidade específica de etanol e um catalisador, responsável por acelerar as reações químicas. Em seguida, o produto passa por um processo de otimização, onde a temperatura é um dos fatores considerados. Maciel explica que a precisão das proporções de óleo vegetal, álcool, catalisador e temperatura adequada são os principais pontos do processo.

A pressão e a temperatura - adequados para viabilizar economicamente o energético - são os responsáveis pela separação dos resíduos, sem a necessidade de inclusão de solventes ou qualquer outro agente. O procedimento tecnológico gera como subprodutos a glicerina, água e o que sobra do etanol não consumido nas reações, sendo que, após a separação desses compostos indesejados, o óleo fica mais fino e com menor viscosidade. Ou seja, o resíduo é basicamente a glicerina.

“Essa etapa de separação dos compósitos é uma das grandes inovações do processo. Pelos cálculos preliminares, o custo final do bioquerosene será mais barato devido, por exemplo, aos baixos custos de energia utilizada em seu processo de produção”, ressaltou.

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), já sinalizou metas de redução das emissões de CO² em 15% em 2017, segundo Maciel Filho. A estimativa é de reduzir em até 20% as emissões com o uso de bioqueresene, já neste ano.


Investimentos

A pesquisa também envolveu a elaboração de um projeto para a produção em escala, por enquanto, ainda no papel. De acordo com o pesquisador, para implementar uma planta de produção em escala, o ideal é estar associado a uma empresa. A tecnologia já está em processo de transferência para as empresas interessadas, algumas já demonstraram interesse no projeto, mas nenhuma parceria foi fechada.

A patente da tecnologia já foi depositada pela Agência de Inovação da universidade (Inova Unicamp). O produto já está de acordo com as especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Fonte: ADV

Um comentário:

  1. *.* Maravilhada! Para ficar perfeito só precisaria de investimento público.Mas o importante é desenvolver o quanto antes, e conseguir manter todos os privilégios acima citados ainda que a produção seja privada. Despois do Álcool o Brasil mais uma vez em destaque no setor de combustíveis limpos. o/

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