sábado, 17 de outubro de 2009

'O estado paralelo do crime não é obra de ficção'


O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, comentou, na tarde deste sábado (17), o confronto entre traficantes rivais e policiais no Morro dos Macacos, nos bairros de Vila Isabel e Sampaio, na Zona Norte do Rio. Pelo menos cinco pessoas - dois PMs e três supostos criminosos – morreram.

“O estado paralelo do crime não é obra de ficção. Ele humilha, mata, e explode os alicerces da República. Até quando?”, disse Cezar Britto, em nota oficial.

Além de Cezar Britto, o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, também se manifestou sobre os tiroteios. Segundo ele, não é mais aceitável que a cidade do Rio tenha territórios controlados por criminosos. Damous também comentou sobre a falta de investimentos sociais nas comunidades.

“Como sempre, essas ações acontecem nas áreas carentes de investimentos sociais por parte do Estado, que deixou essas áreas ao domínio dos bandidos. É preciso, nesse momento em que coletivos que transportam a população pobre da cidade do Rio de Janeiro estão sendo incendiados por esses assassinos, terroristas, que o Estado, dentro da lei e da ordem, os combata duramente. Não é mais aceitável que a cidade do Rio de Janeiro tenha territórios demarcados por bandidos”, declarou Damous.

O relações públicas da PM, major Oderlei Santos, informou que oito pessoas também ficaram feridas - dois moradores, três supostos criminosos e três PMs. Um deles foi o Major PM José Busnello, atirador de elite, que ganhou notoriedade ao atingir com um disparo de longa distância o assaltante de uma farmácia na Tijuca, na Zona Norte.



PM montou gabinete de crise

A gravidade do caso levou a PM a montar um gabinete de gerenciamento de crise, que funciona no 6º Batalhão (Tijuca). O comandante geral da corporação, coronel Mario Sergio Duarte, integra o grupo.

Seis policiais estavam no helicóptero Águia da PM que foi atingido por tiros quando sobrevoava o morro. Em pane, a aeronave fez um pouso forçado no campo de futebol da Vila Olímpica de Sampaio e explodiu em seguida. Da guarnição, dois morreram e dois ficaram feridos com queimadura - um deles está em estado grave, segundo oficial da PM.


Quadrilha queima ônibus

Numa ação feita supostamente por criminosos da mesma facção que tentara invadir o Morro dos Macacos, cinco ônibus, pelo menos, foram incendiados em acessos à favela do Jacarezinho, no Jacaré, outro bairro da região que é cortada pela linha férrea da antiga Central do Brasil, a atual SuperVia.

"Desce, desce, vamos botar fogo". Foi assim que o motorista Fábio Nascimento foi abordado por cerca de 15 homens armados de fuzis e pistolas e com os rostos cobertos.

Pelo menos, outros dois ônibus foram queimados em acessos à favela do Jacarezinho. Segundo policiais, a ação teve o objetivo de desviar a atenção dos acontecimentos no Morro dos Macacos. A viação Braso-Lisboa suspendeu a circulação dos seus coletivos por falta de segurança.

O confronto no Morro do Macacos começou no início da madrugada de sábado no Morro dos Macacos, quando uma quadrilha tentou tomar os pontos de venda de drogas na área. Pela manhã, a Polícia Militar interveio, mas a ação policial terminou com o helicóptero Águia abatido.

Seguiram-se momentos de grande tensão. "Eu nunca vi tanto tiro na minha vida", relatou uma adolescente que mora há 15 anos no local. Assustados, os moradores se recusaram a falar com os jornalistas, que acabaram se tornando alvo dos traficantes escondidos na parte mais alta da favela.


Zona Norte e subúrbios da Central afetados

Um grande extensão da Zona Norte e dos subúrbios da Central do Brasil foram afetadas pela ação criminosa e a represália policial. Maracanã, São Francisco Xaiver, Riachuelo, Rocha, Sampaio, Vila Isabel, Engenho Novo, Jacaré e Méier.

O trânsito foi interditado na Avenida Marechal Rondon, na altura do Engenho Novo, e a circulação na área ficou restrita à Rua 24 de Maio, no sentido Méier. No sentido contrário, o trânsito seguia apenas Rua Barão do Bom Retiro, obrigando a quem saía do Méier, com destino ao Centro da cidade, passar pelo Grajaú.

A tensão no Rio começou na noite de sexta-feira (16). Seis pessoas ficaram feridas num confronto com criminosos na Favela Parque Arará, em Benfica, no subúrbio. As informações são do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), também no subúrbio, para onde as vítimas foram levadas. Entre as vítimas há dois adolescentes e uma criança.

Fonte: G1 Notícias

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