A Marinha do Exército de Libertação Popular da China (PLAN) incorporou oficialmente em 5 de novembro, seu mais novo e mais avançado porta-aviões, o Fujian, durante uma cerimônia realizada na base naval de Sanya, no Mar da China Meridional. O evento contou com a presença do presidente Xi Jinping e marcou um ponto de inflexão na ambição chinesa de consolidar uma marinha de águas azuis com capacidade global.
O Fujian é o terceiro porta-aviões chinês, sucedendo o Liaoning (comissionado em 2012) e o Shandong (2019), e representa um salto qualitativo e tecnológico significativo na expansão do poderio naval do país. Com 316 metros de comprimento, 76 metros de largura e um deslocamento estimado de 85 mil toneladas, o novo gigante chinês se aproxima em dimensões dos porta-aviões da classe Nimitz norte-americana.
O grande diferencial do Fujian está em seu convés plano, equipado com três sistemas de lançamento eletromagnético de aeronaves (EMALS — Electromagnetic Aircraft Launch System), tecnologia que até então era exclusiva dos Estados Unidos. Esse sistema substitui as tradicionais catapultas a vapor, oferecendo maior eficiência e reduzindo o desgaste das aeronaves, além de permitir o lançamento de caças mais pesados e com maior carga bélica.
A ala aérea embarcada do Fujian deve incluir os caças J-15T, uma variante do J-15 adaptada para operar com catapultas, o novo caça stealth J-35 de quinta geração, e a aeronave de alerta aéreo antecipado KJ-600. Este último, comparável ao E-2 Hawkeye norte-americano, ampliando de forma considerável as capacidades de vigilância, comando e controle da esquadra chinesa.
Com o uso de catapultas eletromagnéticas, o Fujian torna-se o primeiro porta-aviões chinês plenamente compatível com operações aéreas complexas e sustentadas, um passo essencial para a projeção de poder em regiões distantes. Além disso, o desenvolvimento de novos navios-aeródromo, incluindo um novo em construção no estaleiro de Dalian, o que indica que a China não pretende desacelerar seu ambicioso programa de expansão naval.
A entrada em serviço do Fujian evidencia a clara intenção de Pequim de alcançar uma paridade operacional com a Marinha dos Estados Unidos, não apenas em quantidade de meios, mas em capacidade tecnológica e doutrinária.
Análise do GBN Defense
A incorporação do Fujian marca o início de uma nova fase na estratégia naval chinesa. Até recentemente, a China concentrava seus esforços em construir uma marinha de defesa costeira e de controle regional, voltada principalmente ao Mar da China Meridional e ao Estreito de Taiwan. Com o novo porta-aviões, o país passa a dispor de um vetor estratégico capaz de projetar poder em escala global, reforçando sua presença em áreas de interesse como o Índico, o Pacífico Ocidental e até mesmo o Atlântico.
O EMALS representa não apenas um avanço técnico, mas um símbolo de autossuficiência industrial e tecnológica. Desenvolver e integrar um sistema dessa complexidade exige domínio de engenharia de ponta, eletrônica e controle de fluxo energético, áreas que a China vem aprimorando intensamente.
Ao mesmo tempo, o Fujian reforça a percepção de que Pequim está disposta a desafiar a supremacia naval norte-americana. Ainda que o número de porta-aviões chineses permaneça inferior ao da US Navy, a tendência é de rápida convergência. Se mantiver o atual ritmo de construção e aperfeiçoamento, a China poderá dispor, até o início da próxima década, de uma frota aeronaval capaz de rivalizar em alcance, prontidão e capacidade de sustentação de operações de combate.
Em um cenário geopolítico cada vez mais tenso, especialmente no Indo-Pacífico, o Fujian é mais do que um navio: é um instrumento de dissuasão e um recado estratégico ao mundo, a era do monopólio americano dos mares está chegando ao fim.
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