terça-feira, 11 de novembro de 2025

Eurofighter: solução provisória ou novo rumo para a força aérea turca?

A aquisição de 20 aeronaves Eurofighter Typhoon Tranche 4 pela Türkiye, em contrato firmado com o Reino Unido, reacende o debate sobre o futuro do poder aéreo do país. O acordo, avaliado em cerca de US$ 7 bilhões, representa tanto uma resposta às necessidades imediatas da Força Aérea Turca quanto uma manobra estratégica em meio às incertezas que envolvem o programa KAAN e as restrições dos Estados Unidos em relação aos caças F-35 e à modernização da frota de F-16.

O contrato, assinado em 27 de outubro de 2025, prevê o fornecimento das aeronaves pela BAE Systems, contratante principal, e inclui um pacote completo de munições e pods, com destaque para os mísseis Meteor, Brimstone e outros armamentos ar-ar e ar-solo de última geração. Trata-se de uma aquisição abrangente, que vai além das aeronaves, incorporando também capacidade de ataque de precisão e superioridade aérea.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, chegou a anunciar o valor de US$ 10,7 bilhões, cifra que reflete o impacto econômico do contrato no ecossistema industrial do Reino Unido. No entanto, o Ministério da Defesa Nacional turco confirmou que o custo efetivo é de 5,4 bilhões de libras esterlinas, o que equivale aproximadamente a US$ 7 bilhões. Comparativamente, Itália, Espanha e Alemanha pagaram valores semelhantes, ou até mais altos, por contratos de menor escopo, o que reforça o equilíbrio financeiro da operação turca.

Os Typhoon irão preencher uma lacuna crítica deixada pela aposentadoria dos veteranos F-4E Phantom II, e complementando os F-16, mantendo o poder de dissuasão aérea até que o caça nacional KAAN atinja maturidade operacional. A escolha também evidencia o pragmatismo da Türkiye, que busca reduzir vulnerabilidades estratégicas enquanto consolida sua autonomia industrial em defesa.

Outro ponto relevante é a perspectiva de integração de munições produzidas pela indústria de defesa turca ao Typhoon, um passo que poderá abrir portas para a exportação de armamentos turcos, além de fortalecer a interoperabilidade entre sistemas desenvolvidos pela TAI e parceiros europeus.

A assinatura de um memorando de entendimento entre a TAI e a BAE Systems, em 6 de novembro de 2025, para cooperação no campo de veículos aéreos não tripulados, confirma que a parceria vai além da simples venda de caças. Ela sinaliza um alinhamento estratégico mais amplo, com potencial de desdobramentos em inovação, transferência de tecnologia e inserção internacional.

No cenário diplomático, a compra dos Typhoon também adiciona uma nova variável: será que os Estados Unidos reverão sua postura quanto ao acesso da Türkiye ao programa F-35 ou à venda de F-16 Block 70? Essa questão permanece em aberto, mas a escolha europeia indica que Ancara não está disposta a esperar indefinidamente.

Mais do que uma aquisição de curto prazo, o contrato com o Reino Unido reflete a busca da Türkiye por equilíbrio entre independência tecnológica, modernização de sua frota e fortalecimento de alianças estratégicas. O Eurofighter Typhoon, nesse contexto, pode ser visto tanto como solução provisória quanto como sinal de um novo rumo para o poder aéreo turco.


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