O Brasil deu um importante passo para modernizar sua capacidade de defesa aérea. Após meses de negociações travadas com a Índia, o Exército decidiu abrir um novo canal de diálogo com a Itália, que poderá resultar na aquisição do sistema EMADS (Enhanced Modular Air Defense Solutions), um dos mais modernos atualmente disponíveis no mercado. A operação, que pode chegar a R$ 5 bilhões, é tratada como prioridade estratégica pela Força Terrestre.
O EMADS é desenvolvido pela europeia MBDA, em parceria com a Leonardo, duas gigantes do setor de defesa, e tem como principal diferencial o uso do míssil CAMM-ER (Common Anti-Air Modular Missile – Extended Range). Com alcance superior a 40 quilômetros, o sistema é projetado para interceptar diversas ameaças aéreas, incluindo caças, mísseis de cruzeiro, drones armados e munições guiadas. Além do alcance estendido, o sistema utiliza tecnologia de lançamento vertical com "soft launch", o que reduz a assinatura térmica e amplia a segurança operacional, especialmente em ambientes urbanos ou próximos a instalações críticas.
Um fator que pesou fortemente na escolha brasileira foi a sinergia entre o sistema terrestre EMADS e o sistema de defesa aérea naval que será utilizado pela Marinha do Brasil. As novas fragatas Classe Tamandaré, atualmente em construção em Itajaí (SC), também empregarão a mesma família de mísseis CAMM-ER. Essa compatibilidade permitirá ao Brasil ganhos expressivos na logística e no treinamento, além de abrir caminho para possíveis acordos de compensação industrial que incluam a produção local de componentes e mísseis no futuro.
O cenário contrasta com as negociações anteriores que estavam sendo conduzidas com a Índia. Durante meses, o Brasil buscou adquirir o sistema Akash, desenvolvido pelas estatais Bharat Dynamics Limited (BDL) e Bharat Electronics (BEL). Contudo, os indianos insistiram em oferecer uma versão mais antiga do sistema, menos avançada e com desempenho inferior em relação às ameaças modernas. Apesar do acordo também envolver a venda dos cargueiros KC-390 Millennium da Embraer, a proposta não evoluiu.
Agora, nas tratativas com a Itália, o governo brasileiro continua a promover o KC-390 como parte do pacote comercial, mas segundo fontes, a aquisição do EMADS não está condicionada à compra das aeronaves. Trata-se, segundo interlocutores envolvidos nas discussões, de duas negociações separadas, embora haja interesse mútuo em ampliar a cooperação bilateral no setor de defesa.
A decisão do Brasil ocorre em um momento no qual a preocupação com a segurança aérea cresce em todo o mundo, diante de um cenário global marcado por tensões geopolíticas e pelo uso cada vez mais frequente de mísseis e drones em conflitos armados. Atualmente, o Brasil possui sistemas antiaéreos limitados, com capacidade restrita para neutralizar ameaças acima de 3 mil metros de altitude. A aquisição de um sistema como o EMADS colocaria o país em um novo patamar, reduzindo uma vulnerabilidade histórica e ampliando a capacidade de proteção de infraestruturas estratégicas.
Mais do que uma simples compra, a negociação com a Itália representa um movimento estratégico para a defesa nacional. Ao apostar em um sistema moderno, interoperável e com potencial de integração industrial, o Brasil demonstra foco em soluções de longo prazo, mirando tanto a proteção de seu território quanto o fortalecimento da base industrial de defesa.
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com CNN
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