quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Análise Estratégica: A Logística Militar dos EUA Frente à Ameaça de uma Invasão Chinesa em Taiwan

Diante de um cenário geopolítico tenso, os Estados Unidos e seus aliados enfrentam o desafio de se preparar para um potencial conflito em Taiwan. Os recentes exercícios militares "Talisman Sabre", realizados em colaboração com a Austrália, não apenas fortaleceram a cooperação defensiva entre os aliados, mas também desempenharam um papel fundamental na formação de arsenais de equipamentos militares estratégicos, deixados na Austrália para possível utilização futura.

Durante esses exercícios, as forças dos EUA e da Austrália realizaram desembarques anfíbios, combates terrestres e operações aéreas, gerando manchetes sobre a cooperação para conter as ambições militares crescentes da China. No entanto, nos bastidores, esses treinamentos resultaram na formação de novos arsenais, compreendendo cerca de 330 veículos, 130 contêineres e reboques, armazenados estrategicamente em Bandiana, sudeste da Austrália.

Esta movimentação estratégica visa fortalecer a capacidade logística dos EUA na região do Pacífico, uma vulnerabilidade identificada em estudos recentes. Com a crescente preocupação sobre a possibilidade de uma invasão chinesa em Taiwan, a atenção dos militares dos EUA se volta para sua rede logística, reconhecendo-a como uma das maiores vulnerabilidades em um eventual conflito.

O General do Exército Charles Flynn, principal comandante do Exército no Pacífico, destacou a importância dessas iniciativas logísticas. Durante entrevista à Reuters, Flynn expressou a necessidade de expandir acordos semelhantes em outros países da região, fortalecendo a infraestrutura logística para futuros exercícios, desastres naturais ou conflitos.

Autoridades americanas e especialistas alertam que a China poderia buscar estrangular a capacidade logística dos EUA, visando o abastecimento de combustível e reabastecimento naval. Em resposta, os Estados Unidos estão espalhando seus centros logísticos pela região, incluindo a Austrália, numa tentativa de aumentar a resiliência em caso de conflito.

No entanto, críticos argumentam que a rede logística ainda está concentrada demais e que o governo não investiu o suficiente nesse esforço. O congressista republicano Mike Waltz, líder do subcomitê que supervisiona logística e prontidão militar, expressou preocupações sobre os prazos para enfrentar os riscos identificados.

Os EUA enfrentam desafios significativos ao considerar o apoio a Taiwan, a cerca de 160 quilômetros da costa chinesa. Embora não tenham formalmente anunciado intervenção em caso de ataque chinês, o presidente Joe Biden indicou a disposição de enviar tropas americanas para defender a ilha.

Os exercícios de guerra simulada realizados pelo Congresso sugerem que a China pode focar em ataques aéreos e de mísseis, mirando as bases americanas na região, incluindo a base naval em Okinawa e a Base Aérea de Yokota em Tóquio. Essa estratégia busca minar a capacidade de sustentação das operações dos EUA no Indo-Pacífico, destacando a vulnerabilidade logística.

Como resposta, os EUA buscam locais mais seguros para armazenar equipamento, estreitando laços com países como Filipinas, Japão e, especialmente, Austrália. A criação de um centro logístico em Bandiana na Austrália, anunciado pela administração Biden, é um passo nessa direção.

A mudança de paradigma na logística militar dos EUA, de "just in time" para "just in case", reflete uma nova abordagem diante do cenário geopolítico atual. Enquanto durante décadas as megabases eram consideradas seguras, agora há uma busca por dispersão estratégica de arsenais e pré-posicionamento de suprimentos em resposta à potencial ameaça chinesa.

No entanto, a análise do orçamento do Pentágono indica que o investimento atual nesta estratégia na região do Pacífico é insuficiente, levantando preocupações sobre a eficácia dessa transição. O senador Roger Wicker enfatizou a necessidade de um foco mais intenso nas bases e na logística do Pacífico, destacando a lacuna na capacidade de dissuasão no oeste do Pacífico nos próximos cinco anos.

Em suma, a logística da guerra no Pacífico emerge como um elemento crítico na preparação dos EUA para um eventual conflito com a China sobre Taiwan. O equilíbrio entre eficiência e eficácia, a dispersão de centros logísticos e o investimento urgente na modernização da frota de transporte são desafios que os EUA enfrentam para garantir uma resposta efetiva diante de uma ameaça crescente na região.


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com Reuters

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