
Horas após o TLC (Tratado de Livre Comércio) entre Mercosul e Israel ser aprovado na Câmara dos Deputados, o presidente de Israel, Shimon Peres, minimizou nesta quinta-feira o impacto da eventual adesão ao bloco sul-americano da Venezuela de Hugo Chávez, que rompeu relações com o Estado judaico por considerá-lo "terrorista".
"Não creio que o Mercosul adotará políticas de Chávez. É Chávez quem adotará as políticas do Mercosul, que supõem diálogo e cooperação", disse Peres na sede da Fiesp, em São Paulo, segunda etapa de seu giro de cinco dias pelo Brasil.
Peres recorreu à ironia para criticar o líder venezuelano, que ordenou a retirada de seu embaixador em Tel Aviv em protesto contra o ataque israelense à faixa de Gaza, em dezembro e janeiro: "Chávez é um homem peculiar, mas concordo com ele em duas coisas: não se deve cantar no chuveiro; jacuzzis são antissocialistas".
Peres, que é presidente honorário da Internacional Socialista há dez anos, se referia aos controversos conselhos dados por Chávez à população para combater a crise no abastecimento de água na Venezuela.
A visita do presidente israelense ao Brasil acelerou o processo rumo à adoção do TLC Mercosul-Israel, que agora deve tramitar pelo Senado. Caso seja aprovado, o projeto irá à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se o primeiro acordo do tipo assinado pelo atual governo.
O documento passa a ter valor legal para o Brasil sem que seja necessário esperar pela aprovação dos demais países do Mercosul, bloco que a Venezuela quer integrar --a entrada de Caracas tramita nos Legislativos do Brasil e do Paraguai, onde enfrenta resistência. Mais cedo, Peres foi recepcionado pelo governador José Serra. Em discurso à delegação israelense, Serra fez crítica velada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, contumaz crítico de Israel que deverá ser recebido por Lula no dia 23.
"Quem nega o Holocausto agride de modo indelével a memória de um povo e agride toda a humanidade", afirmou Serra, que manifestou ainda "admiração pessoal" pelo israelense. Peres segue nesta sexta-feira para o Rio, no quarto dia de uma visita ao Brasil norteada pelo objetivo de reagir à intensificação dos laços entre Brasília e Teerã.
Fonte: Folha
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