segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ESPECIAL AMX A-1




Conheça nesta matéria um pouco sobre este programa tão importante que rendeu a EMBRAER a capacitação tecnológica para desenvolver a sua família de jatos comerciais.

A-1 (AMX)
Pequeno e ágil, o AMX A-1 custa US$ 18 milhões e incorpora 35 sistemas de processamento informatizado e integrados.

O AMX A-1 é um programa em conjunto empreendido por Alenia, Aermacchi e Embraer, de uma aeronave transônica de ataque ao solo, interdição de campo de batalha, apoio aéreo e missões de reconhecimento. É capaz de operar a velocidade subsônica alta a baixa altitude, diuturnamente e em tempo adverso, e se necessário, de bases mal equipadas ou pistas danificadas. Caracteriza baixa assinatura IR, emissões de radar reduzidas por dissimulação e a baixa vulnerabilidade da estrutura e de sistemas garantem uma probabilidade alta de sucesso em missões. O ECM integrado, projéteis ar-ar e canhões no nariz provêem capacidades de autodefesa.

O AMX-T é um treinador biposto a jato turbofan transônico, especificamente desenvolvido para treinamento avançado. Mantém as características operacionais do AMX A-1 de ataque já em operação na FAB (Brasil) e na AMI (Itália). É um treinador subsônico com velocidade nivelada acima de 600km/h em qualquer configuração armada. Tem a cabina do piloto maior e caracteriza tecnologia de quarta geração como o sistema Databus MIL STD-1553B com monitores de exibições head-up e multi-funções; GPS, radar multi-modos, e sistemas de controle de vôo mecânicos para o acaso de falha no sistema hidráulico.

As asas do AMX A-1 são asas altas, com inclinação de 27.5º na extremidade principal, e trilhos para AAMs nas gorjetas. A turbina fica alojada dentro da fuselagem tendo duas entradas de ar nas extremidades das raízes das asas. Tem uma cabina de boa visibilidade e é capaz de transportar equipamentos de reconhecimento fotográfico sem abrir mão de qualquer armamento; possibilita ao seu piloto responder a fogo hostil durante uma missão de reconhecimento. Sua capacidade de decolar em menos de 850 metros permite que ele opere a partir de pistas danificadas ou até mesmo de estradas. Pode ser reabastecido em vôo, o que lhe proporciona excelente raio de ação.



O Programa AMX A-1

Em 1973 a Aeritalia iniciou estudos para desenvolvimento de um caça de ataque que pudesse substituir os F-104 e os Fiat G-91 na Força Aérea Italiana, e operasse em conjunto com o futuro Tornado que já estava em desenvolvimento. A Aermacchi, empresa aeronáutica de reconhecimento mundial, tinha na mesma época o projeto de um caça leve de ataque ao solo; o que chamou atenção da estatal Aeritalia, e em abril de 1978, Aeritalia e Aermacchi começaram um Programa em conjunto de uma aeronave leve de ataque para substituir os F-104 italianos. Surgia então o Programa AMX.

A FAB por sua vez tinha um Projeto codinomeado A-X que estava em fase de estudos no final da década de 70 pela EMBRAER, empresa de conceito internacional e que foi, em 1979 convidada a participar do Programa, o que era interessante para o Brasil para auto-suficiência em tecnologia aeronáutica.

Em março de 1981, o Governo Brasileiro acordou com o Governo Italiano investimentos no desenvolvimento do caça que havia chamado atenção do EMFA, e em julho daquele ano Alenia (Aeritalia), Aermacchi e EMBRAER assinaram contrato para a projeção em conjunto do novo caça, sendo que caberia a EMBRAER a produção da versão Tupiniquim. 47% dos custo caberia à Alenia, 30% à EMBRAER e 23% à Aermacchi. O Programa descrevia que seriam produzidas inicialmente 187 aeronaves para a AMI e 79 aeronaves para a FAB. Era o início do Programa AMX A-1.


Meia dúzia de protótipos foram produzidos, dois no Brasil e quatro na Itália; o primeiro (MM X594) conheceu os céus da Itália em 15 de maio de 1984, sob domínio do piloto italiano Manlio Quarantelli. Em 30 de maio de 1984, este protótipo explodiu ao solo depois de uma pane por falta de alimentação de ar na turbina durante uma aproximação para pouso, este acidente levou a vida de Quarantelli.

Para substituir o primeiro protótipo foi construído mais um protótipo (MM X597), que voou pela primeira vez em 24 de maio de 1985. O piloto Egidio Nappi substituiu Manlio Quarantelli e os pilotos Napoleone Bragagnolo (ITA), Franco Bonazzi (ITA) e Luiz Cabral (BRA) formavam a equipe de testes.

Os testes continuavam com o segundo (MM X595) e o terceiro (MM X596) protótipos, iniciados em 19 de novembro de 1984 e 28 de janeiro de 1985 para testes e desenvolvimento dos aviônicos e de armamento.

O quarto protótipo (YA1 FAB4200), o primeiro fabricado pela EMBRAER, voou em 16 de outubro de 1985; o quinto (MM X599) em 26 de julho de 1986 o sexto e último (YA1 FAB4201) em 16 de dezembro de 1986.

Em 1986 começou o desenvolvimento da variante duplo tripulada e em 29 de março de 1988 estava pronto seu primeiro protótipo dos três programados para construção, esse protótipo fez seu primeiro vôo dia 11 de maio daquele ano nos céus de Turim. Esta versão teve a quantidade de combustível reduzida devido ao segundo piloto, e outras poucas diferenças.

O AMX A-1 ficou operacional em 1989, e o primeiro caça da série de produção (MM 7089) fez seu primeiro vôo, 11 de maio de 1989.

Em 14 de março de 1990 foi declarado operacional a variante de treinamento, o AMX-T.

Problemas no orçamento da FAB reduziram de 79 para 56 aeronaves produzidas, sendo 41 A-1 (monoposto) e A-1B (biposto) e 15 RA-1 (reconhecimento).


VARIANTES:

AMX (A-1 - Brasil) » primeira variante produzida, substituiu os G-91R/Y e os F-104G/S da Força Aérea Italiana e os Xavantes da FAB na função de ataque, interdição e reconhecimento; na Itália opera em conjunto com os Tornados IDS e no Brasil com os F-5E; a principal diferença entre o AMX e o A-1 são alguns aviônicos, subsistema de armamentos, o canhão interno (no AMX existe um canhão de 20mm e no A-1 dois de 30mm) e a sonda de reabastecimento (no AMX é revocável automática e no A-1 é fixa externa).

AMX-T » variante de treinamento, possui um segundo posto em tandem e controle dual, um no posto do instrutor e outro para o aluno, seu tanque interno é menor que do AMX A-1 pela colocação do segundo posto; na FAB foi designado A-1B e possui subsistemas e aviônicos que capacitam-no a executar qualquer missão de ataque ou bombardeio real.

AMX-R (RA-1 - Brasil) » variante de reconhecimento tático é equipado com três diferentes tipos de sistema fotográfico diurno ou noturno.

Super AMX » variante mais recente, recebeu modernizações nos aviônicos (HUD, HOTAS, GPS, contra-medidas automáticas, HMD, radar); recebeu o turborreator EJ-200 da Eurojet (uma variante da turbina do 0 Eurofighter EF-2000 sem pós combustão), esse produz 6.120 kg/f de empuxo, 20% a mais que o Rolls Royce do AMX A-1, melhora em 40% o desempenho em decolagens; nenhuma aeronave operacional, os protótipos estão prontos desde 2000 e apenas África do Sul e Venezuela mostraram um fraco interesse pela aeronave.

AMX-ATA: variante do AMX-T com aviônicos e subsistemas providos pela Elbit de Israel, radar Alenia Scipio SCP-01 (o mesmo do A-1), tem total capacidade de executar missão real de ataque, apenas a Venezuela manifestou interesse.

AMX-E: variante do AMX-ATA com sistema para Guerra Eletrônica, pode executar missões SEAD e possui os subsistemas do míssil AGM-88 HARM; a aeronave de produção deverá receber o turborreator EJ-200 do Super AMX; apenas a Itália manifestou interesse mas nenhuma aeronave foi pedida.

Um total de 200 AMX A-1 já foram vendidos, 136 para Itália, 56 para o Brasil (incluindo 26 e 11 de dois postos) e 8 para a Venezuela (AMX-T).



O cheiro da pólvora



Os AMX italianos foram baseados na Turquia durante a Guerra do Golfo, mas não entraram em ação; durante a Guerra na Bósnia, foram utilizados para o controle e reconhecimento aéreo sobre a região.

Iugoslávia: a prova de fogo

A missão era destruir uma grande estação de radar da defesa aérea sérvia, à 120 quilômetros rumo norte de Belgrado. Dois F-16 já haviam tentado tal penetração, mas sem nenhum sucesso.

Às 06:00 horas da manhã de 14 de abril de 1999, dois AMX da Base Aérea de San Damiano começaram a ser preparados pela equipe de terra. Às 19:00 horas os AMX decolaram para uma missão SEAD hi-lo-hi e seguindo o caminho tático (waypoints) se juntaram às 19:12 horas a uma esquadrilha de caças interceptadores holandeses que os escoltaram durante a missão; a dupla se completava com um fazendo cobertura SEAD com mísseis anti-radiação e o outro com bombas LGBs para interdição de estruturas. Para chegar à estação de radar sérvia, os AMX seguiram a rota de penetração no espaço aéreo iugoslavo, passando entre montanhas e sobre lagos e florestas.

Os últimos 350 quilômetros foram cobertos em regime Low altitude (Angels 0) e a 950 km/h para evitar detecção por radar e artilharia antiaérea que poderia ter se deslocado para o WP seguido. Os AMX participaram de duas interdições e ficaram por quase quatro minutos sobrevoando a área do bombardeio. Às 22:00 horas aproximadamente estavam de volta à Base Aérea de San Damiano. Foi a primeira vez que um AMX "sentia o cheiro da pólvora" em combate real.


Durante a Operação da OTAN sobre a Iugoslávia o AMX executou 252 missões de ataque (667 horas de vôo) lançando entre outras bombas, 39 Opher da Elbit de Israel, era a estréia das duas armas em um conflito.


Atualidades

O radar dos AMX italianos é uma variante do EL/M-20001B, da israelense Elta, construído na Itália pela Fiar. Os AMX brasileiros utilizarão o SCP/01 desenvolvido pela Mectron. Sua propulsão é provida por uma turbina Rolls-Royce Spey Mk807, sem pós-combustão, com 49 KN de empuxo. Pode carregar até 3.500 litros de combustível em seus tanques internos, o que lhe permite um raio de ação de 550 km, com cinco minutos de combate sobre o alvo. Seu alcance pode ser aumentado com o uso de dois tanques externos de 1.100 litros ou pelo reabastecimento em vôo (REVO). Foram fabricadas 136 aeronaves para a AMI e 56 para a FAB. Atualmente nossos AMX passam por um programa de modernização de meia-vida (MLU), para substituição dos principais aviônicos por outros mais avançados, produzidos pela Aeroeletrônica, com tecnologia da israelense Elbit Systems, os mesmos que serão utilizados pelos novos ALX e pelos F-5BR. Testados em combate, os AMX italianos que fizeram parte das forças da OTAN, atuando na Sérvia em 1999, não decepcionaram, apresentando elevada disponibilidade e ótima efetividade nas missões das quais participaram.

Nota do Blog1: Os dados não são tão atuais.A matéria visa dar um pouco de luz sobre a história deste vetor brasileiro.
A venda dos AMX-T à Venezuela foi embargada pelo governo dos EUA.

2 comentários:

  1. Lucas Calabrio04/11/2009, 09:57

    Angelo
    Meus parabéns pela matéria, pois o blog Poder Aereo (26/10) restringiu a matéria somente para assinantes, prestando um desserviço à comunidade forista.
    Detalhe esse blog (com inclinações facista dos donos,além de ganaciosos) era livre e democrático, graças as intervenções constante dos participantes que não permitiam a autocracia por meio de argumentos fortes que derrubava qualquer tentativa de imposição no meio dos debatedores.
    Abraço

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  2. Lucas Calabrio04/11/2009, 10:08

    Angelo
    O AMX é um avião de sucesso perdendo somente para o F-15 com aproveitamento de 100%. Durante a guerra em Kosovo, em 274 misões em 1200 horas de combate, seu aproveitamento efetivo foi de 99,5%.
    Abraço

    Em tempo : para os que querem mais informações é so entrar no google com as palavras chaves "modernização do AMX"

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