
A Coreia do Sul colocou as tropas em alerta e enviou dois navios de guerra adicionais para observar a disputada zona de fronteira marítima com a Coreia do Norte no mar Ocidental (mar Amarelo), um dia depois de uma troca de tiros entre um navio sul-coreano e uma embarcação da Coreia do Norte. O episódio foi tratado como "acidental" por Seul e como "provocação armada" por Pyongyang.
Os dois navios de patrulha, de 1.800 toneladas, reforçarão a vigilância na fronteira marítima, segundo fontes militares. O Ministério da Defesa sul-coreano, contudo, não confirmou o envio de patrulhas, ao alegar que não comenta assuntos militares.
Os 680 mil soldados da Coreia do Sul foram colocados em alerta nesta quarta-feira a espera de qualquer retaliação da Coreia do Norte pelo incidente. O ministro de Defesa sul-coreano, Kim Tae-young, o governo está preocupado com uma possível reação da vizinha do Norte.
Até o momento, contudo, nenhum movimento incomum foi registrado na fronteira marítima.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap cita um funcionário ao dizer que a Coreia do Norte também colocou seus soldados em alerta.
Nesta terça-feira, uma patrulha naval norte-coreana e uma embarcação da Marinha da Coreia do Sul trocaram disparos nas águas do mar Ocidental (mar Amarelo) às 11h28 (0h28 no horário de Brasília), perto da ilha de Daechong.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, a breve disputa não deixou vítimas. Pyongyang, contudo, já reivindicou pedido formal de desculpas de Seul alegando que o ataque provocou sérios danos à patrulha norte-coreana.
A agência, que cita uma fonte do Ministério da Defesa em Seul, informa que uma patrulha norte-coreana cruzou a linha de fronteira marítima, o que levou à embarcação da Coreia do Sul a realizar "disparos de advertência", respondidos prontamente pelos norte-coreanos. O navio patrulha do regime comunista de Pyongyang "aparentemente sofreu danos", afirmou a fonte.
O jornal sul-coreano "Chosun Ilbo" afirma em sua edição desta quarta-feira que um marinheiro da Coreia do Norte teria morrido e outros três teriam ficado feridos.
O canal sul-coreano YTN, citando fontes militares, informou que o barco norte-coreano atravessou a fronteira quando perseguia um pesqueiro chinês que operava na região.
Segundo a versão do Estado-Maior sul-coreano, o navio da Coreia do Norte "abriu fogo contra nosso navio". "Respondemos, obrigando o navio norte-coreano a recuar em sua rota", afirma um comunicado militar.
"Não houve vítimas do nosso lado. Permanecemos vigilantes quanto a novas provocações do Norte", completa o texto.
Já a agência oficial norte-coreana KCNA afirmou ainda que o navio da Coreia do Norte retornava de uma missão de reconhecimento quando "um grupo de navios de guerra das forças sul-coreanas lhe passaram a caçá-los e cometeram a grave provocação de disparar-lhe".
Histórico
A linha de fronteira marítima entre os dois países, em tese ainda em guerra, já que não assinaram um tratado de paz para acabar com o conflito de 1950-1953, nunca foi reconhecida pela Coreia do Norte e é uma área de de frequentes disputas entre as duas Coreias.
Em 2002, navios de guerra norte-coreanos dispararam contra navios da Coreia do Sul e deixaram quatro mortos e 18 feridos. Posteriormente, Pyongyang se desculpou.
Três anos antes, em 1999, aconteceu outro enfrentamento que acabou com o naufrágio de um navio de Pyongyang e a morte de cerca de 80 marinheiros.
A zona de fronteira marítima entre as duas Coreias é especialmente conflituosa, já que Pyongyang rejeita a polêmica Linha do Limite do Norte (NLL), estabelecida no final da Guerra da Coreia (1950-1953) pelas tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) lideradas pelos Estados Unidos.
Trata-se de uma linha fronteiriça que é objeto de disputa por ambas partes, que se acusaram mutuamente de violá-la em numerosas ocasiões.
A Coreia do Norte assinalou em inúmeras vezes que as incursões de seu vizinho do sul são premeditadas para intensificar a tensão, enquanto Seul repete acusações similares contra Pyongyang.
Fonte: Folha
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