quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Potências e Irã chegam a proposta de acordo sobre enriquecimento de urânio


A nova rodada do diálogo nuclear entre os Estados Unidos, Rússia, França e o Irã sobre enriquecimento de parte do urânio iraniano no exterior terminou nesta quarta-feira em Viena, na Áustria, com uma proposta formal por um acordo que deve ser ratificado pelas capitais até esta sexta-feira (23).

Segundo diplomatas citados pelas agências internacionais, o acordo estabelece que o país enviará a maior parte de seu urânio enriquecido para a Rússia --o que retira do solo iraniano a maior parte do material necessário para a fabricação de uma bomba nuclear.

O avanço foi confirmado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei.

"Foi feito circular um projeto de acordo que em minha opinião reflete um enfoque equilibrado para progredirmos", disse ElBaradei a jornalistas. "O prazo para que as partes se pronunciem e, como espero, deem sua aprovação, acaba na sexta", acrescentou, sem dar maiores detalhes sobre o conteúdo da proposta aprovada.

Ele disse ainda que qualquer acordo do tipo deve ser submetido ao comitê de 35 membros da AIEA para ratificação. A próxima reunião do comitê está marcada para o final de novembro.

"Todo mundo nestas conversas está tentando olhar para o futuro, não para o passado, e curar as feridas existentes por muitos anos. [...] Este acordo deve abrir espaço para as negociações em aspectos mais amplos para resolver a crise."

O regime iraniano nega que tenha intenções bélicas com o programa nuclear e diz que enriquece urânio apenas para produzir combustível para reatores nucleares de pesquisas, principalmente para produzir isótopos usados para tratar alguns tipos de câncer.

O acordo em debate entre os países visava a definir os termos do envio de cerca de 1,2 tonelada de urânio pouco enriquecido à Rússia, onde deve ser enriquecido até 19,75% de pureza --o suficiente para gerar energia e incapaz de produzir armas nucleares. Para fabricar uma bomba atômica, são necessários cerca de 2.000 quilos de urânio enriquecido acima de 90%.

Em troca, o Irã entregaria parte dos 1.500 quilos de urânio que enriqueceu apesar das sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O Irã está submetido a três séries de sanções do Conselho de Segurança por desafiar os pedidos para congelar o enriquecimento de urânio. As sanções incluem a embargos a todas as transferências de materiais nucleares ou tecnologias que possam ser usadas para a atividade.

A proposta foi apresentada inicialmente pelo Grupo dos Seis (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) na reunião anterior, em Genebra, e estabelece ainda a supervisão da AIEA. Segundo o plano, o urânio enriquecido seria transferido à França, onde seria transformado em combustível nuclear e depois devolvido ao Irã para uso em um reator científico em Teerã. Esse reator funcionava até agora com combustível atômico de fabricação argentina, recebido em 1993 e que está acabando.

Fonte: Folha

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