terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Marinha abre inscrições para capacitação de jornalistas em ambientes de combate em meio à expansão do crime organizado no Brasil

A Marinha do Brasil abriu nesta segunda-feira (8) as inscrições para o III Curso de Cobertura Jornalística em Áreas de Combate e em Emergências (CCJACE), iniciativa que se firma como uma das referências nacionais na capacitação de jornalistas e estudantes de comunicação para atuar em ambientes extremos, ao lado do CCOPAB. O programa, realizado em parceria com a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), o Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMERJ) e com apoio da Condor Tecnologias Não Letais, oferta 70 vagas para profissionais de todo o país.

A imersão de cinco dias ocorrerá de 29 de junho a 3 de julho de 2026 no Complexo Naval da Ilha do Governador. As inscrições seguem até 30 de janeiro de 2026 e incluem hospedagem, alimentação e transporte interno, reforçando o compromisso da Marinha em democratizar o acesso à formação. O processo seletivo será divulgado em março, dado o caráter limitado das vagas.

Promovido pelo Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), o curso cresceu em alcance e relevância. Em 2025, reuniu 60 profissionais de 50 veículos nacionais e internacionais, além de alunos de universidades públicas e privadas. O aumento para 70 vagas reflete a necessidade crescente de preparar comunicadores para atuar em situações complexas, um desafio cada vez mais presente no cotidiano brasileiro.

O cenário nacional evidencia essa urgência. Nas grandes cidades, o alastramento do narcotráfico, a consolidação de estruturas criminosas territorializadas e a escalada de violência transformaram determinadas regiões urbanas em ambientes de altíssimo risco. Acompanhamento de operações policiais em áreas conflagradas, como no Rio de Janeiro, já impõe a repórteres níveis de ameaça comparáveis aos enfrentados em coberturas de conflitos no Oriente Médio ou no Leste Europeu. Em diversos episódios recentes, profissionais da imprensa foram expostos a confrontos intensos, restrições de mobilidade, ataques deliberados e imprevisibilidade operacional, elementos típicos de zonas de guerra.

Nesse contexto, o CCJACE assume uma importância estratégica ao oferecer formação realista e multidisciplinar. A edição anterior incluiu demonstrações de tiro, doutrina de segurança operacional, visitas ao BOPE com incursão em área de risco, treinamento no centro de simulação de incêndios do CBMERJ e atividades embarcadas em Carros Lagarta Anfíbios e no Navio Doca Multipropósito “Bahia”. Tudo isso complementado por palestras com autoridades militares, especialistas e comunicadores experientes, como o jornalista Marcos Uchôa.

A representatividade da imprensa internacional, incluindo Reuters, AFP, Wall Street Journal, NHK, France 24 e outros, mostrou que o Brasil produz um programa com padrão global, alinhado às melhores práticas de preparação para coberturas em ambientes hostis. Redes abertas, canais de notícias, grandes jornais, mídias especializadas em defesa e universidades também participaram, reforçando o caráter multidisciplinar da iniciativa.

Ao capacitar jornalistas para lidar com situações de confronto armado, emergências urbanas e operações de grande complexidade, a Marinha contribui diretamente para a segurança dos profissionais e para a qualidade da informação que chega ao público. Em um país onde a violência urbana exige cada vez mais preparo técnico, o CCJACE representa um avanço institucional importante: formar comunicadores capazes de atuar com responsabilidade, conhecimento operacional e consciência dos riscos que envolvem coberturas desse tipo.

Em um cenário em que a imprensa brasileira enfrenta desafios semelhantes aos observados em zonas de conflito internacional, investir em formação não é apenas recomendável, é indispensável.


GBN Defense - A informação começa aqui


Nenhum comentário:

Postar um comentário