terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Economia do crime organizado e o desmantelamento das facções criminosas foram temas debatidos no COP Internacional

Durante o Congresso de Operações Policiais – "COP Internacional", que reuniu representantes da sociedade civil, forças de segurança, política e justiça do Brasil em São Paulo (SP), o debate sobre a economia do crime e o desmantelamento das facções criminosas foi um dos pontos fortes.

O debate reuniu personalidades como Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, Promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Dr. Artur Dian, Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo e do promotor de justiça Luciano Lara. 

O Dr Artur Dian abriu os trabalhos dizendo que minar a economia do crime é um tema contemporâneo e global e questionando o promotor Luciano Lara sobre como o atual sistema penal brasileiro alimenta a economia do crime organizado. O promotor afirmou que a forma como o sistema está hoje ele só garante que as lideranças criminosas continuem atuando e mantendo suas posições mesmo estando dentro do sistema prisional. “O enfrentamento do crime organizado precisa passar por mudanças no sistema prisional”, afirma Lara.

Segundo ele, não há vagas no sistema prisional brasileiro. O CNJ estabelece estarem presos hoje no Brasil mais de 490 mil pessoas, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça, sendo que não há 500 mil vagas em presídios hoje. Além das superlotações e de tudo que ela resulta, isso também é motivo para que a lei penal tenha mecanismos de progressão, que acaba por devolver o criminoso à sociedade para reincidir. “Isso é custo para o estado, sem falar na sensação de imunidade para a sociedade”, afirma Luciano Lara.

Ainda segundo o promotor, nos Estado Unidos, 95% dos crimes são resolvidos em negociações e não vão à júri, o que reduz os gastos públicos. “No Brasil, estima-se que 4,2% do PIB anual seja perdido em torno das questões dos delitos no país”, disse.

Para contribuir com o debate, Ronaldo Sayeg, diretor do DEIC, apresentou o case do ouro em São Paulo, onde o grama vale R$ 714 e estabeleceu-se um forte esquema de roubo e modificação de joias. “O sucesso da operação se deu pela união das forças de inteligência em apoio às operações do DEIC, assim como pela contribuição da Agência Nacional de Mineração”, contou Sayeg.

O juiz Alexandre Abraão, da 3ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ, disse que 27% do território nacional hoje já é do crime organizado. “Essa situação aqui, como em todo o mundo, exige uma união. Veja como o advento do 11 de setembro uniu as forças e órgãos de segurança nos Estado Unidos. Essa união das inteligências e das forças é que vai nos dar caminhos esvaziar a economia do crime organizado e avançar no enfrentamento”, afirmou.

O Dr. Carlos Bruno Gaya da Costa, do GAECO, enalteceu exatamente o que chamou de “atuação interagências” no combate ao crime organizado. “A disponibilidade do cruzamento de dados da Fazenda, CADE, Receita Federal, Banco Central, entre outros, é que nos dá ferramentas para identificar os delitos e atuar no desmantelamento das organizações, cortando seus suprimentos e fiscalizando constantemente as movimentações”, afirmou. Ele também enalteceu a atuação do COAF, que vem se reorganizando depois de um sucateamento, para fortalecer a inteligência das operações.


Sobre o COP Internacional:

A 5ª edição do Congresso de Operações Policiais – COP Internacional se encerrou no dia 25 de outubro, já consolidada como a maior edição do evento. Foram oferecidas mais de 44 horas de programação com 88 palestrantes. Além disso, 84 marcas expositoras, nacionais e internacionais, apresentaram as soluções mais modernas voltadas para o mundo da segurança pública.

O evento reuniu, ainda, 15 delegações e participantes de mais de 10 diferentes países (Türkiye, Suécia, Israel, Áustria, Estônia, Estados Unidos, França, Alemanha, China e Brasil). Foram mais de 18 mil visitantes credenciados no evento.


Fonte: IZYCOM Comunicação 360º

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