Israel realizou neste domingo (23) um ataque aéreo em Haret Hreik, subúrbio ao sul de Beirute e reduto histórico do Hezbollah, matando Ali Tabtabai, chefe de gabinete interino da organização. A ação marca a mais significativa incursão aérea israelense na capital libanesa em meses e ocorre apesar do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos há um ano.
O exército israelense confirmou a operação e descreveu Tabtabai como um dos mais importantes quadros militares do Hezbollah, responsável por coordenar a maior parte das unidades de combate do grupo e por conduzir esforços de recomposição de capacidades após a guerra de 2023–2024. Washington havia imposto sanções ao comandante em 2016 e oferecia recompensa de até US$ 5 milhões por informações que levassem à sua captura.
O Hezbollah reconheceu a morte, classificando Tabtabai como “grande comandante jihadista” que teria permanecido ativo “até o último momento de sua vida”. A liderança, entretanto, não antecipou que tipo de resposta militar o movimento pode adotar. Mahmoud Qmati, dirigente do partido-milícia, afirmou no local do ataque que Israel “cruzou uma linha vermelha”, sinalizando que a decisão sobre represálias será tomada pelo alto comando.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que o ataque deixou cinco mortos e 28 feridos. O míssil atingiu um edifício residencial de vários andares, lançando destroços sobre veículos na rua principal. Moradores correram para fora de suas casas temendo novos bombardeios, segundo testemunhas no local.
A ação ocorre em um momento de elevada sensibilidade política. O presidente libanês, Joseph Aoun, pediu que a comunidade internacional intervenha para conter as incursões israelenses, que se intensificaram nas últimas semanas apesar do acordo de 2024. A escalada também antecede a chegada do Papa Leão XIII ao país, sua primeira viagem internacional, um evento que muitos libaneses esperavam simbolizar um possível alívio após anos de instabilidade.
O cessar-fogo estabelecido em novembro de 2024 tinha como objetivo encerrar um ciclo de um ano de confrontos, iniciado quando o Hezbollah lançou foguetes contra posições israelenses um dia após o ataque de 7 de outubro de 2023, cometido pelo Hamas. Desde então, Israel tem mantido ataques recorrentes em território libanês, alegando ter como alvo depósitos de armas, centros de comando e unidades em reconstrução do Hezbollah. O grupo, por sua vez, sustenta que não disparou contra Israel desde a assinatura do acordo.
As tensões diplomáticas também ganharam novo tom. Questionada sobre uma possível notificação prévia a Washington antes do bombardeio, a porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, afirmou apenas que “Israel toma decisões de forma independente”. Durante a guerra anterior, Israel eliminou grande parte da cúpula militar do Hezbollah, incluindo o então líder Hassan Nasrallah, uma operação que redesenhou profundamente a dinâmica interna do grupo.
Líbano e Israel seguem trocando acusações mútuas de violação do cessar-fogo. Beirute afirma que ataques contínuos e a ocupação de cinco posições no sul do país representam violações graves do acordo. Israel, por sua vez, acusa o Hezbollah de tentar se reagrupar e pressiona o governo libanês a desarmar o movimento, exigência antiga que se tornou ainda mais central após a última guerra.
Com a morte de Tabtabai, a estabilidade frágil construída desde o cessar-fogo volta a ser colocada à prova. Analistas avaliam que a reação do Hezbollah nos próximos dias definirá se o episódio será absorvido politicamente ou se poderá desencadear uma nova rodada de confrontos regionais.
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com Reuters

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