sexta-feira, 9 de agosto de 2024

EUA Suspende Proibição de Vendas de Armas Ofensivas à Arábia Saudita em Reviravolta Polêmica

Em uma decisão que marca uma reviravolta significativa na política externa dos Estados Unidos, o governo Biden anunciou em 9 de agosto a suspensão da proibição de vendas de armas ofensivas para a Arábia Saudita. Essa mudança encerra uma política de três anos destinada a pressionar o reino a encerrar sua campanha militar no Iêmen. O anúncio foi feito pelo Departamento de Estado, confirmando que a suspensão se aplica a transferências de munições ar-terra, com futuras vendas sendo consideradas caso a caso, conforme a Política de Transferência de Armas Convencionais dos EUA.

A decisão, reportada inicialmente pela Reuters, vem após uma série de negociações discretas entre Washington e Riad. Fontes revelaram que o Congresso foi informado sobre a suspensão esta semana, com as vendas podendo ser retomadas já na próxima semana. Um alto funcionário do governo Biden indicou que "os sauditas cumpriram sua parte do acordo, e nós estamos preparados para cumprir a nossa".

Nos últimos anos, a venda de armas ofensivas para a Arábia Saudita gerou intenso debate no Congresso, com legisladores tanto democratas quanto republicanos expressando preocupação com o alto número de baixas civis resultantes da campanha saudita no Iêmen, além de questões de direitos humanos. Contudo, a oposição a essas vendas diminuiu diante da crescente instabilidade no Oriente Médio, exacerbada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Desde a trégua liderada pela ONU em março de 2022 entre a Arábia Saudita e os houthis no Iêmen, não foram registrados ataques aéreos sauditas no país, e as hostilidades transfronteiriças praticamente cessaram. O Departamento de Estado destacou as melhorias implementadas pelo Ministério da Defesa saudita nos últimos três anos para mitigar os danos civis, resultado do treinamento e consultoria oferecidos por instrutores dos EUA.

A guerra no Iêmen, vista como um conflito por procuração entre o Irã e a Arábia Saudita, devastou o país, causando centenas de milhares de mortes e deixando 80% da população dependente de ajuda humanitária. Desde que o presidente Biden adotou uma postura mais dura em 2021, os laços entre os EUA e a Arábia Saudita se estreitaram, especialmente após o ataque do Hamas, quando Washington e Riad colaboraram mais estreitamente para planejar o futuro de Gaza no pós-guerra.

A suspensão da proibição ocorre em um momento de crescente tensão na região. Recentemente, o Irã e o Hezbollah, grupo apoiado por Teerã, prometeram retaliação contra Israel após a morte de Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas, em Teerã. Além disso, os houthis, que emergiram como apoiadores do Hamas, atacaram navios comerciais ligados a Israel no início deste ano.

O sistema de transferência de armas dos EUA exige que os principais acordos internacionais sejam revisados pelo Congresso antes de sua finalização. Essa recente suspensão reflete um delicado equilíbrio entre o apoio aos aliados estratégicos no Oriente Médio e a manutenção de um compromisso com os direitos humanos e a paz regional, que continuam a ser temas de debate intenso em Washington.


GBN Defense - A informação começa aqui

com Reuters

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