
CONCLUSÃO
"Lá no alto, a energia a e bravura de nossos pilotos de combate mantiveram-se indomáveis e supremas. E assim se salvou a Grã-Bretanha. Bem que pude dizer na Câmara dos Comuns: nunca, no campo dos conflitos huma¬nos, tantos deveram tanto a tão poucos". (Churchill)
Na guerra do século XX, é muito provável que não tenha aparecido equipamento mais revolucionário do que o avião de combate. Como resultado desse caráter inovador, a incorporação desse novo advento foi atribulada no início daquele século. Os aparelhos mais pesados do que o ar foram inseridos nas tradicionais doutrinas de emprego das forças armadas existentes – exército e marinha. Nelas, cumpriam papel subsidiário de observação e direção de tiro.
Os modernos teóricos do século XX e XXI repensaram o poder aéreo conforme as premissas de um dos principais precursores das teorias dessa inovadora e sedutora força militar: Giulio Douhet. Outros advogados do poder aéreo trouxeram novas ideias e visões revolucionárias acerca da arma aérea e seu ulterior emprego como ferramenta coercitiva. Não era apenas mais uma forma de guerra clausewitziana, tão-somente um instrumento de violência aniquiladora. O Coronel Jonh Warden III idealizou a “Teoria dos Cinco Anéis”, aplicada na prática durante a Guerra do Golfo, enfatizava o emprego de ataques em paralelo na busca pela paralisia estratégica do sistema inimigo. Por último, o cientista político Robert Pape entende o poder aéreo como eficaz instrumento político da moderna coerção militar, em cujo bojo Schelling insere estratégias como a deterrrence (dissuasão) e a compellence (ato de compelir).
Se a guerra hodierna pode ser definida como fenômeno mais complexo do que na época de Clausewitz, em face de ter adquirido mais atrito e um névoa mais densa, então a eficácia e o real valor da arma aérea estão na razão exponencial do custo imposto ao sistema de comando e controle do oponente.
Atualmente, o poder aeroespacial emprega moderníssimos meios espaciais e aéreos (sejam pilotados, sejam veículos aéreos não tripulados) e possui atributos marcantes que o tornam um versátil componente do poder militar, como mobilidade, flexibilidade, velocidade, ubiquidade, penetração, alcance, pronta-resposta e a capacidade de empregar a terceira dimensão. Os atributos inerentes ao poder aéreo, como a velocidade, a ubiquidade e o longo alcance, respectivamente, devido à rapidez das aeronaves atuais, à ameaça de um ataque global e à extensa distância atingida por vetores aéreos, parecem coincidir com as ideias de “Billy” Mitchell, cuja citação iniciou este artigo.
Impõe-se aos advogados do poder aéreo coercitivo, como uma forma eficaz à prevenção de conflitos armados e à resolução de crises internacionais político-estratégicas, a escolha estratégica mais adequada para cada caso concreto e, inclusive, a combinação de múltiplas estratégias coercitivas.
Na mesa mundial de negociações, o emprego do poder militar limitado, em especial o uso do poder aéreo coercitivo, pode fornecer o complemento necessário à dissuasão de adversários em potencial e à persuasão de nações amigas e estados aliados. Isso pode ser baluarte à esfera político-diplomática.
Da lógica da estratégia de custo imposto, advém o problema da real eficácia coercitiva. Na ótica de esferas militar e política, a coerção militar pode ser uma questão crucial, na era pós-Guerra Fria, para acadêmicos, militares, governos e sociedade civil. Da fórmula inferida por Pape, pode-se vislumbrar que a coerção militar possui eficácia política para evitar conflitos armados e minimizar os efeitos de uma escalada da violência, e.g., em manobra de crise.
Em face do alto custo imposto ao rival quanto à resistência continuada, a arma aérea se constitui em ferramenta coercitiva eficaz, caso haja manejo das diversas opções estratégicas de coerção em momento e caso concretos.
Pleitear assento no Conselho de Segurança da ONU, pretender o status de potência regional e ser assim reconhecido implica poder dissuadir e coagir. No arranjo contemporâneo das Relações Internacionais, a eficácia política do emprego da arma aérea, como ferramenta de coerção militar, depende, basicamente, das estratégias escolhidas pelos planejadores militares. No caso concreto do Brasil, refere-se aos estrategistas militares pertencentes ao Ministério da Defesa (em situação de emprego conjunto) e àqueles que pensam, estrategicamente, o emprego, letal e não-letal, da Força Aérea Brasileira (no caso mais remoto de um emprego não conjunto, ou seja, de modo independente ou singular como numa Força Aérea Numerada). Portanto, o poder aéreo coercitivo pode se constituir em uma opção de emprego estratégico à Força Aérea Brasileira no alvorecer do século XXI.
Enfim, “o Poder Aéreo, do ponto de vista estratégico, é o poder militar mais habilitado a promover dissuasão” devido às características inerentes da arma aérea e “evitar o conflito bélico direto” e em larga escala “entre forças armadas convencionais”. Portanto, essa intrínseca disposição à coerção militar “se configura como um êxito do ponto de vista político”. Ao tomador de decisão da esfera política, cabe lembrar disso ao optar (ou não) pelo uso do poder aéreo como medida coercitiva eficaz de Defesa.
"Lá no alto, a energia a e bravura de nossos pilotos de combate mantiveram-se indomáveis e supremas. E assim se salvou a Grã-Bretanha. Bem que pude dizer na Câmara dos Comuns: nunca, no campo dos conflitos huma¬nos, tantos deveram tanto a tão poucos". (Churchill)
Na guerra do século XX, é muito provável que não tenha aparecido equipamento mais revolucionário do que o avião de combate. Como resultado desse caráter inovador, a incorporação desse novo advento foi atribulada no início daquele século. Os aparelhos mais pesados do que o ar foram inseridos nas tradicionais doutrinas de emprego das forças armadas existentes – exército e marinha. Nelas, cumpriam papel subsidiário de observação e direção de tiro.
Os modernos teóricos do século XX e XXI repensaram o poder aéreo conforme as premissas de um dos principais precursores das teorias dessa inovadora e sedutora força militar: Giulio Douhet. Outros advogados do poder aéreo trouxeram novas ideias e visões revolucionárias acerca da arma aérea e seu ulterior emprego como ferramenta coercitiva. Não era apenas mais uma forma de guerra clausewitziana, tão-somente um instrumento de violência aniquiladora. O Coronel Jonh Warden III idealizou a “Teoria dos Cinco Anéis”, aplicada na prática durante a Guerra do Golfo, enfatizava o emprego de ataques em paralelo na busca pela paralisia estratégica do sistema inimigo. Por último, o cientista político Robert Pape entende o poder aéreo como eficaz instrumento político da moderna coerção militar, em cujo bojo Schelling insere estratégias como a deterrrence (dissuasão) e a compellence (ato de compelir).
Se a guerra hodierna pode ser definida como fenômeno mais complexo do que na época de Clausewitz, em face de ter adquirido mais atrito e um névoa mais densa, então a eficácia e o real valor da arma aérea estão na razão exponencial do custo imposto ao sistema de comando e controle do oponente.
Atualmente, o poder aeroespacial emprega moderníssimos meios espaciais e aéreos (sejam pilotados, sejam veículos aéreos não tripulados) e possui atributos marcantes que o tornam um versátil componente do poder militar, como mobilidade, flexibilidade, velocidade, ubiquidade, penetração, alcance, pronta-resposta e a capacidade de empregar a terceira dimensão. Os atributos inerentes ao poder aéreo, como a velocidade, a ubiquidade e o longo alcance, respectivamente, devido à rapidez das aeronaves atuais, à ameaça de um ataque global e à extensa distância atingida por vetores aéreos, parecem coincidir com as ideias de “Billy” Mitchell, cuja citação iniciou este artigo.
Impõe-se aos advogados do poder aéreo coercitivo, como uma forma eficaz à prevenção de conflitos armados e à resolução de crises internacionais político-estratégicas, a escolha estratégica mais adequada para cada caso concreto e, inclusive, a combinação de múltiplas estratégias coercitivas.
Na mesa mundial de negociações, o emprego do poder militar limitado, em especial o uso do poder aéreo coercitivo, pode fornecer o complemento necessário à dissuasão de adversários em potencial e à persuasão de nações amigas e estados aliados. Isso pode ser baluarte à esfera político-diplomática.
Da lógica da estratégia de custo imposto, advém o problema da real eficácia coercitiva. Na ótica de esferas militar e política, a coerção militar pode ser uma questão crucial, na era pós-Guerra Fria, para acadêmicos, militares, governos e sociedade civil. Da fórmula inferida por Pape, pode-se vislumbrar que a coerção militar possui eficácia política para evitar conflitos armados e minimizar os efeitos de uma escalada da violência, e.g., em manobra de crise.
Em face do alto custo imposto ao rival quanto à resistência continuada, a arma aérea se constitui em ferramenta coercitiva eficaz, caso haja manejo das diversas opções estratégicas de coerção em momento e caso concretos.
Pleitear assento no Conselho de Segurança da ONU, pretender o status de potência regional e ser assim reconhecido implica poder dissuadir e coagir. No arranjo contemporâneo das Relações Internacionais, a eficácia política do emprego da arma aérea, como ferramenta de coerção militar, depende, basicamente, das estratégias escolhidas pelos planejadores militares. No caso concreto do Brasil, refere-se aos estrategistas militares pertencentes ao Ministério da Defesa (em situação de emprego conjunto) e àqueles que pensam, estrategicamente, o emprego, letal e não-letal, da Força Aérea Brasileira (no caso mais remoto de um emprego não conjunto, ou seja, de modo independente ou singular como numa Força Aérea Numerada). Portanto, o poder aéreo coercitivo pode se constituir em uma opção de emprego estratégico à Força Aérea Brasileira no alvorecer do século XXI.
Enfim, “o Poder Aéreo, do ponto de vista estratégico, é o poder militar mais habilitado a promover dissuasão” devido às características inerentes da arma aérea e “evitar o conflito bélico direto” e em larga escala “entre forças armadas convencionais”. Portanto, essa intrínseca disposição à coerção militar “se configura como um êxito do ponto de vista político”. Ao tomador de decisão da esfera política, cabe lembrar disso ao optar (ou não) pelo uso do poder aéreo como medida coercitiva eficaz de Defesa.
Fonte: Jornal Defesa e Relações Internacionais
Sou o autor desse artigo.
ResponderExcluirEntretanto, o meu nome não aparece citado em NENHUMA das cinco partes, nas quais o dono do site dividiu o artigo de minha lavra. Eu agradeceria muito se meu nome fosse citado em algum momento.
Cordialmente,
MAURO BARBOSA SIQUEIRA.