
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu hoje ao enviado americano ao Oriente Médio, George Mitchell, que pressione Israel a suspender as "provocações" aos habitantes de Gaza e Cisjordânia.
Mitchell se reuniu hoje em Ramala por duas horas com Abbas e outros líderes palestinos, como o chefe negociador, Sabe Erekat. O encontro se insere nas negociações de paz entre israelenses e palestinos, em que o americano atua como mediador.
Em entrevista coletiva, Erekat afirmou que Abbas pediu aos EUA que tentem conter as práticas "provocadoras" de Israel, entre as quais citou assentamentos judaicos e assassinatos de palestinos.
Ele esclareceu que "os palestinos não estão negociando com Israel, mas se centrando ao longo das conversas com a parte americana nos assuntos relativos ao estatuto definitivo, principalmente fronteiras e segurança, até que se alcance o estabelecimento de um Estado palestino nos territórios ocupados em 1967".
Israelenses e palestinos estão embarcados em um novo processo de paz, de negociações indiretas e que deve durar quatro meses. Nele, deverão ser abordadas as questões fundamentais do conflito que enfrentam, após o que deveriam passar ao contato direto.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) ressaltou que a ANP deseja que a missão de Mitchell tenha sucesso. "Queremos aproveitar cada momento desses quatro meses nas conversas de proximidade para conseguir nosso objetivo e por em prática a visão de uma solução de dois Estados", afirma a entidade.
Já o secretário-geral da OLP, Yasser Abed Rabbo, declarou à rádio "Voz da Palestina" que não devem ser consideradas certas medidas adotadas por Israel em relação aos palestinos, como resultado do atual diálogo de paz.
"Os sinais de boa vontade de Israel, como a libertação de alguns prisioneiros palestinos ou a remoção de postos de controle na Cisjordânia, não fazem parte das conversas", apontou.
As palavras do representante palestino chegam após se saber hoje que Israel deve libertar no domingo o destacado dirigente do Hamas Mahmoud Abu Tir, detido em 2006 após a captura do soldado israelense Gilad Shalit.
Os EUA prometeram aos palestinos que o Estado judeu adotaria uma série de "medidas de boa vontade" para abrir o terreno e reconstruir a confiança, a fim de que o novo processo de diálogo seja bem-sucedido.
No entanto, os palestinos se mostram receosos sobre esses passos. "Enfatizamos ao enviado americano, George Mitchell, que as conversas se centrarão nos assuntos do estatuto definitivo", disse Abed Rabbo.
As negociações indiretas sob mediação de Washington começaram em 9 de maio, depois que as conversas entre as partes fossem totalmente suspensas em dezembro de 2008 pela ofensiva militar israelense em Gaza.
O enviado americano está na região desde ontem, quando se reuniu em Tel Aviv com o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak. A reunião não teve conteúdo divulgado.
Mitchell deve se reunir nesta quinta-feira, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
As atuais conversas são consideradas a primeira conquista diplomática da Casa Branca para resolver o conflito do Oriente Médio após 16 meses sem avanço.
A ANP exigia a completa paralisação da construção de colônias judaicas na Cisjordânia e Jerusalém Oriental para retomar o diálogo, condição que Israel rejeita de forma oficial.
No entanto, os palestinos teriam aceitado empreender o diálogo sob mediação após receber garantias de Washington de que os projetos de construir no território ocupado em 1967 por Israel seriam paralisados.
Fonte: EFE
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