segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Amorim defende cooperação entre países do sul contra efeitos da crise


O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira que a cooperação entre países do sul pode e deve contribuir para combater a crise econômica, cujos efeitos atingem principalmente os países mais pobres.

Amorim discursou hoje como orador principal diante do Grupo de Trabalho sobre a Dimensão Social da Globalização, na 306ª Sessão do Conselho de Administração da OIT (Organização Internacional do Trabalho), para analisar a crise financeira do ponto de vista dos países em desenvolvimento.

"A tarefa de promover a dimensão social da globalização nunca foi tão crucial como nos dias hoje. (...) Vivemos período de crescimento inédito nos índices de desemprego e subemprego", disse Amorim.

Por isso, e após afirmar que a crise revelou as graves deficiências do atual modelo econômico, lembrou as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que "mais do que uma crise de grandes bancos, esta é uma crise de grandes dogmas", e insistiu na necessidade de defesa do emprego e da proteção social.

"É uma falácia supor que é preciso primeiro crescer para depois criar justiça social, que é primeiro necessário ter índices positivos econômicos, para depois criar empregos", acrescentou, e deu como exemplo o programa Bolsa Família, para reduzir a desigualdade social.

Amorim ressaltou que, segundo os dados da OIT, 40 milhões de postos de trabalho foram perdidos durante a crise e que os efeitos deste desemprego serão sentidos por muito tempo.

O chanceler afirmou que a reunião de ministros de Trabalho do G20 (grupo que reúne os países mais desenvolvidos e as principais nações em desenvolvimento) que será realizada nos Estado Unidos no primeiro semestre de 2010 "será um momento-chave nos esforços de construção de um sistema econômico e financeiro que recompense a economia real, e não a virtual; remunere os trabalhadores, e não especuladores; e retribua as empresas produtivas, e não as que se dedicam à ciranda financeira".

"O sucesso da recuperação e do novo modelo de crescimento que se deseja promover será medido igualmente não só pela quantidade, mas também pela qualidade dos empregos criados", acrescentou.

Amorim destacou que o desenvolvimento social e econômico também passa por um melhor acesso aos mercados para os produtos agrícolas dos países em desenvolvimento.

Denunciou mais uma vez que, enquanto tentam concluir a Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio), os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) "gastam mais em subsídios para premiar a ineficiência de seus produtores do que em assistência para o desenvolvimento".

"Segundo a FAO, são necessários US$ 44 bilhões para revitalizar a agricultura no mundo em desenvolvimento --um montante modesto se comparado às muitas dezenas de bilhões de dólares gastos todos os anos em subsídios pelos países ricos aos seus agricultores", acrescentou.

Por isso, enfatizou os benefícios da cooperação sul-sul, porque "não se trata apenas de dinheiro, se trata de compartilhar experiências", e defendeu o motivo pelo qual esta cooperação "deve ser uma preocupação de todos os organismos internacionais".

Fonte: EFE

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