
A América Latina precisa de uma nova integração regional, mais que puramente comercial, para se fortalecer no âmbito internacional e fazer frente à crise econômica mundial, afirmou nesta segunda (12) em Santo Domingo um diplomata francês.
Alain Rouquié, presidente da Casa da América Latina em Paris, vê como uma "necessidade absoluta" que a região se dedique à projetos "indivisíveis" tal como executaram nações como a Alemanha e França em assuntos como aço, carvão e energia nuclear.
"O recomendável para a América Latina é uma integração regional de outro tipo, deve assumir projetos de interesse a longo prazo para assim estar presente em uma nova arquitetura mundial, que é o que estamos vendo na atualidade", afirmou o ex-embaixador francês na Etiópia, Brasil, El Salvador e México.
Assegurou que está "demonstrado" que os acordos de livre-comércio com nações desenvolvidas não são a solução para outros países com menor desenvolvimento e citou o caso do acordo Nafta entre Estados Unidos e México (onde também participa o Canadá).
"No México se pensou que com Nafta se entraria no Primeiro Mundo e não foi assim, porque a realidade geopolítica é mais poderosa que qualquer acordo", sentenciou na conferência "América Latina frente e depois da crise".
Nesse sentido, lembrou que a economia chinesa crescerá 6% em 2009, enquanto a americana cairá 4% nesse mesmo período.
Segundo sua opinião, esse é um exemplo de para onde a América Latina deve focar seu rumo, ao insistir que a região "não foi, não é e não será" prioridade para os Estados Unidos.
"A prioridade para o Governo americano é a política sanitária do presidente Barack Obama, assim como as questões externas que representam as pressões no Irã, Afeganistão e Oriente Médio", afirmou Rouquié.
Para o diplomata francês, um dos pontos principais a tomar consideração na atual conjuntura econômica internacional é a volta do Estado a seu papel anterior de personagem principal dos mercados.
"Se lembramos o que dizia (o ex-presidente dos EUA Ronald) Reagan sobre a marginalidade com a qual deveria atuar o Estado na economia, o que seria hoje dos mercados sem a salvação do Estado", avaliou.
Rouquié considerou que a situação econômica global deixou "muito mal" aos economistas e citou, como exemplo de sua afirmação, o fato de que estes criticavam o Brasil por sua baixa percentagem de exportação em comparação com seu Produto Interno Bruto (PIB) e agora louvam ao gigante sul-americano porque essa mesma situação permitiu ao país sair melhor da crise.
"Muitos economistas dizem que a crise é maior que a Grande Depressão (1929), outros dizem que não é tal, enquanto alguns a definem como um simples 'resfriado'", disse o diplomata francês.
Fonte: EFE
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