
O venda dos caças F-18 da Boeing à Força Aérea Brasileira aproximará os governos dos Estados Unidos e do Brasil e tornará a relação estratégica entre os dois países mais dinâmica e profunda. Esse foi o recado passado pela subsecretária de Estado para Controle de Armas e Segurança Internacional, Ellen Tauscher. “É uma grande oportunidade de aprofundar nosso relacionamento com o Brasil”, disse Tauscher, que se reporta diretamente à secretária Hillary Clinton e esteve no Brasil em agosto para entregar ao governo brasileiro a carta da secretária.
“O mais importante desse acordo é nosso relacionamento com o povo brasileiro e o governo brasileiro”, disse Tauscher, em entrevista ao Estado. Comentando a vantagem que os franceses, fabricantes dos caças Rafale da Dassault, teriam na disputa, Tauscher afirmou: “Não estamos confusos sobre o que oferecemos; ainda temos o melhor avião, a maior empresa aeroespacial do mundo e ainda somos os Estados Unidos da América; acreditamos que, no fim, esses são os parâmetros.”
Segundo ela, a secretária de Estado, Hillary Clinton, o secretário de Defesa, Robert Gates, e o presidente americano, Barack Obama, estão pessoalmente empenhados nessa venda. “Francamente, seria uma pena (o Brasil) não levar o melhor avião e a melhor oportunidade.”
Abaixo, trechos da entrevista concedida ao Estado.
O governo brasileiro está finalizando o processo de escolha dos 36 caças que serão comprados pela Força Aérea. Por que o Brasil deveria comprar os F-18 fabricados pela Boeing?
Porque é o melhor avião, com a melhor tecnologia, transferência completa. O presidente Barack Obama está empenhado na venda e é uma oportunidade de aprofundar o relacionamento com o Brasil.
Quais são os próximos passos do ponto de vista dos EUA?
Nós esperamos ser escolhidos.
Mas o governo brasileiro já indicou várias vezes que os franceses têm vantagem….
Veja, não estamos confusos sobre o que oferecemos. Ainda temos o melhor avião, a maior empresa aeroespacial do mundo e ainda somos os Estados Unidos da América. Acreditamos que, no fim, esses são os parâmetros, e nós temos boa chance de ganhar.
O governo brasileiro tem preocupações em relação à transferência de tecnologia. O Brasil teve uma má experiência quatro anos atrás envolvendo a venda dos Super Tucanos para a Venezuela – os aviões da Embraer tinham tecnologia americana sensível e os EUA vetaram a venda. O governo americano pode garantir que isso não vai se repetir?
Esse é um novo governo e uma nova venda. Nós garantimos a transferência. Essa é uma oferta sem precedentes de transferência de tecnologia.
Por que é sem precedentes?
Porque inclui maior transferência do que estava previsto originalmente. Mas o mais importante desse acordo é nosso relacionamento com o povo brasileiro e o governo brasileiro. A Boeing é a maior empresa aeroespacial do mundo, há oportunidade de gerar empregos bem além da produção desses 36 jatos. Isso significa conectar a Embraer e o Brasil à maior rede de produção de aviões do mundo. Tivemos o secretário de Defesa, Robert Gates, a secretária Hillary Clinton e até o presidente Barack Obama empenhados. Isso vai aproximar os dois governos.
Os suecos (fabricantes do jato Gripen, da Saab) e os franceses melhoraram suas propostas, oferecendo mais contratos para o Brasil.
Aposto que eles fizeram, é difícil competir com os EUA.
Sim, mas então, há alguma coisa mais que vocês oferecem?
Os Estados unidos acreditam que esse é o início de uma relação muito importante em um grande mercado.
Existe alguma chance de o Congresso americano interferir na transferência de tecnologia?
Eles não podem interferir. O Congresso americano teria de passar uma lei para bloquear a transferência de tecnologia e, como o Executivo quer aprofundar o relacionamento com o Brasil, isso não vai acontecer.
Para o relacionamento estratégico entre o Brasil e os Estados Unidos, qual é o significado da venda dos caças?
Nós temos uma relação muito forte com o Brasil, compartilhamos valores e interesses. O sentido do acordo é assegurar que esse relacionamento se torne mais profundo e mais dinâmico.
Os EUA ficariam decepcionados se não ganhassem a concorrência?
Claro que sim. Mas sabemos que há várias razões para as pessoas tomarem decisões, que não são a qualidade do produto e os detalhes específicos do acordo. Nos méritos do acordo, nós temos o melhor avião, a melhor transferência e a melhor parceria estratégica. Nós vamos continuar amigos do Brasil se não ganharmos, mas, francamente, seria uma pena o Brasil não levar o melhor avião e a melhor oportunidade.
Fonte: O Estado de SP
Prezado Angelo
ResponderExcluirApesar de ter que escolher um único vetor, sou favrável a dois vetores sendo o hi Rafale e o low o f-18 sh ou o gripen.
Sei que falarão dos custos, mas defesa da soberania tem seu preço ainda mais com as riquezas que possuimos além de sermos estratégico.
A maior riqueza do Brasil, além do seu povo é a água. será por esse líquido precioso que serão travada a verdadeira guerra.
Lembrando que o Iraque foi invadido não só pelo petróleo, mas pela grande disponibilidade de água.
Consulte o google sobre o conflito entre Turquia ,Iraque e Síria por essa água.
Abraço
Ainda aposto na solução dupla: Rafale para o FX2 e NG para a indústria.
ResponderExcluirNo caso dos EUA, acho que o Brasil pode estreitar as relações independente de caças. Os EUA poderiam estreitar as relações com o Brasil apoiando nossa entrada no CS da ONU por exemplo, entre outras coisas.
Não precisamos comprar caças para estreitar relações...era só o que faltava!
relações entre países sendo condicionadas por compra e venda de equipamentos militares é o fim da picada!!!!
abraços a todos
Por outro lado, e dentro do pensamento da entrevistada, o Brasil estará estreitando relações com os EUA em breve: a Embraer está vendendo cerca de 100 Super Tucanos para os EUA.
ResponderExcluirEntão, se a questão do "estreitamento" passar por vendas de caças, já estamos praticamente "estreitados"...hehehe
abraços a todos
ps. O problema com os EUA, no meu modo de ver, é o caça oferecido. O Super Hornet é um bom caça hoje (mas não é o melhor, não...está no mesmo nível do Rafale em termos eletrônicos e muito pior que o Rafale em termos aeronáuticos), mas não será daqui 10 ou 20 anos. Já o Rafale é bom hoje e será excelente no futuro. O NG não existe ainda hoje, mas pode vir a ser muito bom no futuro. O problema do Super Hornet chama-se F-35. Isso acabou com a carreira dele. Mesmo que não seja totalmente substituído na US Navy e tal. Não importa. O fato é que não será mais o caça de ponta da US Navy. E isso pesa e muito.
em tempo: quem é essa subsecretária?
ResponderExcluirSeria uma influente office-girl do governo Obama? Uma entregadora de pizza da Casa Branca, talvez?
Estranho um governo mandar subalternos do terceiro escalão pra falar em "estreitamento de relações" entre países, não?
Já achava que isso me cheirava lobby da imprensa, mas agora tenho certeza...
Angelo, estou lhe enviando um link pra vc ler, ok?
abração