domingo, 13 de julho de 2025

Reino Unido e França aprofundam cooperação em defesa com protagonismo da MBDA

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Durante a 37ª Cúpula Franco-Britânica, realizada recentemente, o Reino Unido e a França reafirmaram seu compromisso com a integração estratégica em defesa ao firmarem a Declaração Lancaster House 2.0, que moderniza e amplia os acordos de cooperação militar estabelecidos entre os dois países. O encontro, copresidido pelo presidente francês Emmanuel Macron e pelo primeiro-ministro britânico Sir Keir Starmer, marcou o início de uma nova fase de colaboração no desenvolvimento de sistemas avançados de armamentos, com forte protagonismo da MBDA, principal grupo europeu de mísseis.

Durante a visita oficial, o Secretário de Defesa britânico, John Healey, e o Ministro das Forças Armadas da França, Sébastien Lecornu, estiveram nas instalações da MBDA em Stevenage, na Inglaterra. Lá, foram apresentados aos principais projetos conjuntos em curso, entre eles o ambicioso Future Cruise/Anti-Ship Weapon (FC/ASW), atualmente em desenvolvimento e que envolve mais de 750 engenheiros dos dois países. O FC/ASW promete ser uma nova geração de mísseis de cruzeiro de longo alcance, voltada a missões antiacesso/negação de área (A2/AD) e contra alvos de alto valor estratégico (HVAA), ampliando a capacidade de resposta e a dissuasão militar da Europa.

Além disso, os ministros acompanharam de perto o ambiente de simulação e desenvolvimento digital utilizado pela MBDA para o projeto do sucessor do míssil Meteor, outro destaque da cooperação bilateral. Equipado com um motor ramjet, o Meteor revolucionou o combate aéreo além do alcance visual e é atualmente utilizado por aeronaves como o Eurofighter, o Rafale e o Gripen E/F. Com a nova fase de estudos, os dois países buscam manter a liderança tecnológica em mísseis ar-ar de próxima geração, com foco na integração de sensores modernos e maior resistência a contramedidas eletrônicas.

A visita incluiu também uma passagem pela linha de montagem dos mísseis Storm Shadow/SCALP, que têm sido decisivos em operações recentes, como no conflito na Ucrânia. O Reino Unido e a França anunciaram a aquisição de novos lotes desses mísseis, o que impulsionará a capacidade de produção da MBDA e gerará centenas de empregos qualificados, tanto na empresa quanto em sua cadeia de suprimentos.

Como parte do novo arranjo institucional, foi criado um Escritório Conjunto de Portfólio de Armas Complexas, vinculado à Organização Conjunta de Cooperação em Armamento (OCCAR). Este órgão será responsável por coordenar os projetos conjuntos, reduzir a duplicação de esforços e identificar futuras áreas de colaboração em sistemas de defesa complexos. Inicialmente, a coordenação se concentrará no Storm Shadow, mas já estão em pauta novas iniciativas, incluindo sistemas de defesa aérea integrada e antimísseis (IAMD), com potencial para englobar o uso de mísseis CAMM, CAMM-ER e o SAMP/T NG, baseados na bem-sucedida família ASTER.

A MBDA, por sua vez, celebrou o reforço da parceria como um marco que reafirma sua estrutura multinacional como um modelo eficiente de cooperação europeia em defesa. Com presença industrial e tecnológica no Reino Unido, França, Itália e Alemanha, a empresa destaca-se como a única fora dos Estados Unidos capaz de oferecer uma linha completa de sistemas de mísseis para forças aéreas, terrestres e navais, uma vantagem estratégica cada vez mais valorizada num cenário geopolítico em constante transformação.

A Declaração Lancaster House 2.0 simboliza, portanto, não apenas o fortalecimento das relações entre Londres e Paris, mas também um avanço significativo rumo a uma Europa mais autônoma, preparada e tecnologicamente soberana em matéria de defesa.


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Gripen avança na América do Sul com protagonismo brasileiro - Colômbia e Peru seguem os passos do Brasil

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A América do Sul vive um momento de renovação em sua aviação de combate, e no centro dessa transformação está o caça Gripen E/F, desenvolvido pela sueca Saab com forte participação da indústria de defesa brasileira. A decisão da Colômbia de adquirir o Gripen para substituir seus vetustos Kfir israelenses marca um novo capítulo para a aeronave na região, consolidando o Gripen como uma das escolhas mais atrativas para forças aéreas que buscam tecnologia de ponta, baixos custos operacionais e autonomia estratégica.

Colômbia escolhe o Gripen e se aproxima do Brasil

O anúncio feito pelo governo colombiano prevê a chegada do primeiro exemplar do Gripen em 14 a 18 meses, como parte do plano de modernização da Força Aérea Colombiana (FAC). Segundo o ministro da Defesa da Colômbia, Iván Velásquez, a aquisição garante uma "capacidade de superioridade" com modernos sistemas de armas e representa um passo rumo à independência tecnológica do país.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, também enfatizou a importância de reduzir a dependência externa em assuntos de defesa. A mensagem, vista como uma crítica indireta à tradicional influência dos EUA, veio acompanhada de um gesto diplomático: a FAC visitou o Brasil para conhecer de perto o programa Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB), buscando absorver experiências e boas práticas.


Brasil: primeiro operador do Gripen E/F no mundo

O Brasil foi o primeiro país a optar pelo Gripen E/F, uma decisão estratégica iniciada em 2014 com o contrato assinado entre o governo brasileiro e a Saab. Desde então, a Força Aérea Brasileira tem desempenhado papel de liderança regional, tanto na operação quanto no desenvolvimento do caça.

Hoje, o Brasil já opera dez caças F-39E Gripen e mantém uma linha de montagem final em Gavião Peixoto (SP), sob responsabilidade da Embraer. O primeiro caça completamente montado em solo brasileiro está em fase final de produção, demonstrando a maturidade da parceria tecnológica entre o Brasil e a Suécia.

Durante a F-AIR Colômbia 2025, dois exemplares do F-39E da FAB voaram ao lado de um cargueiro KC-390, representando o país em um dos maiores eventos aeronáuticos da América Latina e reafirmando a presença do Gripen como vetor de dissuasão e cooperação regional.

“O F-39E Gripen é reconhecido por sua eficiência, baixo custo operacional e alta disponibilidade. Equipado com tecnologia de ponta e capaz de realizar missões de defesa aérea, ataque ao solo e reconhecimento, esta aeronave representa um avanço operacional significativo para a Força Aérea Brasileira”, destacou a FAB em nota.

Peru também sinaliza interesse

No Peru, os sinais também são claros. A presidente Dina Boluarte recebeu em Lima o presidente do conselho da Saab, Marcus Wallenberg, e deve se reunir com o ministro da Defesa sueco, Pål Jonson, nos próximos dias. A imprensa local indica que o país deve adquirir 24 exemplares do Gripen, seguindo os passos de Brasil e da Colômbia.

Embora não haja confirmação oficial, fontes ligadas ao Ministério da Defesa peruano indicam que a decisão já foi tomada, em substituição à antiga frota de Mirage 2000. A opção sueca venceu propostas concorrentes como o F-16 Block 70 dos EUA e o Dassault Rafale da França, com destaque para os diferenciais do Gripen: transferência de tecnologia, financiamento competitivo e operação de baixo custo.

Por que o Gripen ganha espaço na América do Sul

Apesar de não ter ainda sido testado em combate real, o Gripen E/F é uma plataforma moderna, com capacidades comprovadas em testes e simulações. Equipado com radar AESA, suíte avançada de guerra eletrônica, datalink tático e sensores de última geração, o caça é projetado para operar em ambientes desafiadores com alta taxa de disponibilidade e manutenibilidade simplificada.

Além disso, sua filosofia de integração multinacional e parcerias industriais tem sido um diferencial importante para países que, como o Brasil, desejam não apenas comprar, mas desenvolver capacidades em defesa.

Um futuro comum e integrado na aviação de combate sul-americana

A crescente adesão ao Gripen E/F na América do Sul aponta para um futuro mais integrado no campo da defesa aérea regional. Com Brasil, Colômbia e possivelmente o Peru como operadores da mesma plataforma, aumentam as possibilidades de cooperação logística, intercâmbio operacional e desenvolvimento conjunto de capacidades, elementos fundamentais para o fortalecimento da segurança hemisférica.

Neste contexto, o Brasil assume um papel estratégico, não apenas como cliente do Gripen, mas como polo tecnológico, logístico e político da Saab na América Latina. O sucesso do programa no país serve de exemplo para outros governos, que buscam modernizar suas forças sem abrir mão da autonomia nacional.


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Exército Brasileiro adota míssil anticarro MAX 1.2 AC desenvolvido pela SIATT

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O Exército Brasileiro oficializou, por meio de portaria publicada pelo Estado-Maior do Exército, a adoção do Míssil Superfície-Superfície MAX 1.2 AC como armamento de dotação da Força Terrestre. A decisão representa um avanço significativo rumo à autonomia em sistemas de armas de alta tecnologia, fruto de um projeto nacional desenvolvido pela brasileira SIATT.

A medida é resultado da 2ª Reunião Decisória do projeto, concluída em 26 de março de 2025, e segue as diretrizes do ciclo de vida de sistemas militares, com a adoção formal autorizada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército. O Comando de Operações Terrestres (COTER), o Comando Logístico (COLOG) e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) já foram designados para conduzir as etapas de incorporação, distribuição e operação do sistema.

Um sistema nacional de alta precisão

O MSS MAX 1.2 AC é um sistema de mísseis anticarro portátil, guiado por laser beam rider (comando semi-automático via linha de visada), projetado para atuação em diversos cenários de combate terrestre. Sua concepção modular permite tanto o emprego por tropas a pé quanto sua instalação em plataformas blindadas, como viaturas M113BR, EE-9 Cascavel e futuras viaturas nacionais.

Principais características técnicas:

  • Alcance: mínimo de 200 metros e máximo superior a 3 km

  • Velocidade: 240 m/s

  • Cabeça de guerra: carga oca com 2,2 kg de explosivo, capaz de perfurar mais de 700 mm de blindagem RHA

  • Guiagem: comando semi-automático por feixe laser (laser beam rider)

  • Espoleta: por impacto

  • Propulsão: sólido, dois estágios, baixa emissão de fumaça

  • Óptica: com magnificação de 7x e compatibilidade com sistemas térmicos

  • Resistência: operação em condições climáticas adversas e imune a interferências eletrônicas (jamming)

Com essas capacidades, o MAX 1.2 AC se posiciona como uma solução eficaz contra blindados modernos e fortificações, sendo altamente preciso mesmo contra alvos móveis. Sua operação é simples e intuitiva, exigindo pouco treinamento, e o sistema pode ser operado por apenas dois militares, o que garante flexibilidade tática.

SIATT: tecnologia de ponta desenvolvida no Brasil

A SIATT, empresa brasileira responsável pelo projeto, tem se destacado como um dos pilares da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) do Brasil. Com ampla experiência em mísseis, guiagem, controle e integração de sistemas complexos, a empresa já participa de programas estratégicos como o míssil antinavio MANSUP da Marinha do Brasil.

O desenvolvimento do MAX 1.2 AC é um reflexo direto da capacidade da indústria nacional de entregar soluções modernas, seguras e eficazes, promovendo soberania tecnológica e reduzindo a dependência de armamentos estrangeiros.


Integração à Força Terrestre

A partir da adoção oficial, o Exército iniciará uma nova fase no projeto, com foco na capacitação de operadores, testes operacionais avançados e definição de doutrina de emprego. O sistema será incorporado progressivamente em unidades de infantaria e cavalaria mecanizada, e deverá reforçar a capacidade de resposta do Exército Brasileiro em contextos de guerra convencional e cenários assimétricos.

Com o MAX 1.2 AC, o Brasil passa a contar com um sistema anticarro nacional à altura dos desafios modernos, combinando autonomia estratégica, economia de recursos, geração de empregos qualificados e potencial para exportação a países aliados.


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REMAX 4 da ARES é padronizada pelo Exército Brasileiro

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O Exército Brasileiro deu um passo significativo rumo à consolidação de sua capacidade de combate moderno com a padronização oficial do Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC) REMAX 4, desenvolvido pela brasileira Ares Aeroespacial e Defesa. A decisão foi formalizada por meio de portaria assinada pelo Comandante do Exército, autorizando o uso geral do sistema em toda a Força Terrestre, enquanto o equipamento permanecer integrado à estrutura de apoio logístico do EB.

A medida reforça o processo de modernização da Força, alinhado aos eixos estratégicos do Exército Brasileiro que envolvem a atualização de meios, a valorização da indústria de defesa nacional e o aprimoramento doutrinário. Mais do que apenas um avanço técnico, a adoção plena do REMAX 4 representa a evolução do conceito de combate mecanizado e da capacidade de resposta em ambientes operacionais diversos.

Da padronização à doutrina: REMAX 4 em experimentação no M113BR

A importância do sistema foi ainda ampliada com a publicação de uma nova diretriz do Comando de Operações Terrestres (COTER), que autoriza e estrutura oficialmente a Experimentação Doutrinária do SARC REMAX 4 embarcado na Viatura Blindada de Transporte de Pessoal M113BR.

Essa experimentação doutrinária tem como objetivo avaliar o comportamento do sistema em uma nova plataforma, que embora tradicional, foi amplamente modernizada para manter sua relevância no campo de batalha. O M113BR, viatura consagrada da infantaria mecanizada brasileira, vem passando por atualizações estruturais e eletrônicas, e agora poderá receber o que há de mais moderno em armamento remoto.

Com essa decisão, o Exército busca analisar taticamente como o REMAX 4 opera em um veículo sobre lagartas, diferente das plataformas 4x4 como o VBMT-LSR Guaicurus, onde o sistema já se encontra em operação plena. A experimentação irá levantar dados técnicos e operacionais, contribuindo com a doutrina, os treinamentos e os protocolos de uso tático em diversas situações de combate, desde patrulhamento urbano até ações em ambientes hostis e de alta letalidade.

REMAX 4: tecnologia de ponta com DNA brasileiro

O REMAX é um sistema estabilizado de armas remotamente operadas, controlado a partir do interior da viatura, e que permite o uso seguro e preciso de metralhadoras calibre 7,62 mm ou .50 (12,7 mm). A versão REMAX 4, atualmente em processo de incorporação mais amplo, se destaca por trazer melhorias em sensores, estabilidade, integração com sistemas de comando e controle (C²), além de operação diurna e noturna com elevada acurácia.

Produzido pela Ares, empresa brasileira e subsidiária da multinacional Elbit Systems, o REMAX é um dos exemplos mais bem-sucedidos de desenvolvimento tecnológico e fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID). Sua produção local representa ganhos não apenas operacionais, mas também estratégicos, promovendo autonomia tecnológica e segurança logística para o Exército Brasileiro.

Entre suas principais características técnicas, destacam-se:

  • Câmeras diurnas/noturnas e térmicas de alta resolução;

  • Telêmetro a laser;

  • Estabilização em dois eixos;

  • Capacidade de disparo com o veículo em movimento;

  • Interface de operação ergonômica e segura para o atirador;

  • Registro de dados e apoio à consciência situacional.


Caminho para a interoperabilidade e padronização logística

A adoção definitiva do REMAX 4 e a ampliação de sua integração com veículos como o M113BR seguem uma lógica operacional clara: maximizar a eficiência, padronizar a logística e ampliar a interoperabilidade entre diferentes viaturas blindadas do Exército Brasileiro. Ao adotar um único sistema de armas remoto em múltiplas plataformas, a Força reduz custos operacionais, simplifica treinamentos e facilita o apoio técnico e logístico em campo.

Além do M113BR e do Guaicurus, o REMAX já é empregado no projeto Guarani, sendo uma das principais soluções de combate do programa de modernização da força blindada brasileira. Isso posiciona o sistema como pilar tecnológico essencial na estrutura de defesa terrestre nacional, seja para ações convencionais, operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), missões de paz ou cenários de combate simétrico.

A importância da doutrina na transformação da força

Com a diretriz aprovada pelo COTER, a doutrina militar passa a ser adaptada à nova realidade tecnológica, algo fundamental para que a modernização de meios não ocorra de forma isolada. As experiências operacionais obtidas com a instalação do REMAX 4 no M113BR irão gerar dados que contribuirão para a atualização de manuais, instruções de emprego tático, estruturação de cursos, e possivelmente, novos requisitos para sistemas futuros.

A experimentação, prevista nas normas que regem a elaboração de publicações padronizadas do Exército, é parte essencial do ciclo de transformação que se dá do campo de provas ao campo de batalha real. O processo reforça o profissionalismo da tropa e a cultura organizacional da inovação dentro da Força Terrestre.

Um passo adiante na modernização e na soberania

A padronização e a experimentação do REMAX 4 representam a continuidade de um esforço institucional por um Exército mais moderno, letal, protegido e eficaz. Em tempos de cenários estratégicos complexos e mudanças tecnológicas aceleradas, a adoção de soluções como o REMAX fortalece a capacidade dissuasória do Brasil, ao mesmo tempo que promove a indústria nacional e a independência operacional. A iniciativa demonstra, mais uma vez, o compromisso do Exército Brasileiro com a modernização inteligente e com o preparo para os desafios do presente e do futuro.


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Rússia pode dar adeus ao seu único navio-aeródromo - O fim da era do "Admiral Kuznetsov"?

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Após mais de sete anos de reformas e incidentes, o futuro do navio-aeródromo Admiral Kuznetsov, único navio do tipo em operação na Marinha Russa, tornou-se incerto. Os trabalhos de modernização foram oficialmente suspensos por tempo indeterminado, e fontes do alto escalão militar russo já discutem abertamente a possibilidade de aposentadoria definitiva do emblemático navio-aeródromo. Para muitos analistas, trata-se do epílogo de uma era, e talvez de uma mudança irreversível na doutrina naval da Rússia.

Uma trajetória marcada por problemas

Admiral Kuznetsov foi comissionado em 1991, ainda sob a bandeira da União Soviética. Considerado um "cruzador pesado porta-aviões", o navio foi concebido para operar caças embarcados, como os Su-33, além de mísseis de cruzeiro, numa tentativa de equilibrar poder aéreo e capacidade ofensiva de longo alcance. Ao longo de sua carreira, participou de missões no Mar Mediterrâneo e no Atlântico, com destaque para a campanha síria em 2016, quando conduziu operações de combate real.

No entanto, a partir de 2017, o navio foi retirado de operação para passar por uma ampla modernização no Estaleiro nº 35, em Murmansk. O objetivo era atualizar sistemas de combate, propulsão e estrutura, prolongando sua vida útil até pelo menos 2030. Mas desde então, o que se seguiu foi uma série de incidentes e atrasos: em 2018, a doca flutuante PD-50, onde o navio estava atracado, afundou repentinamente, danificando sua estrutura. Um guindaste caiu sobre o convés do porta-aviões. Em 2019, um incêndio de grandes proporções atingiu o compartimento de máquinas, matando dois militares e ferindo outros 14. E em 2022, novo foco de incêndio foi registrado.

No último mês, em junho de 2025, a situação se agravou. Segundo o jornal Izvestia, os trabalhos foram suspensos por tempo indeterminado e uma decisão sobre o destino final do navio será tomada entre o Comando da Marinha e a Corporação Unida de Construção Naval. A publicação fala, inclusive, em descarte do navio por considerá-lo “moral e fisicamente obsoleto”.

Um colosso fora do tempo

De fato, há um consenso crescente entre os estrategistas navais russos de que o Kuznetsov representa uma doutrina ultrapassada. Em entrevista recente, o almirante Sergei Avakyants, ex-comandante da Frota do Pacífico, declarou que “porta-aviões são armas caras e ineficazes, facilmente neutralizadas por sistemas modernos de mísseis hipersônicos e drones de longo alcance.” Para ele, os recursos da Marinha deveriam ser realocados para submarinos, sistemas de guerra eletrônica e embarcações mais ágeis.

As críticas não são infundadas. O Admiral Kuznetsov sempre operou com limitações: sua propulsão a vapor e óleo combustível é arcaica, a capacidade aérea é limitada (apenas cerca de 15 aeronaves operacionais) e a ausência de catapultas compromete o desempenho dos caças embarcados, que precisam de decolagens assistidas por rampa (ski-jump). Além disso, o navio tem sido alvo de piadas na OTAN por sempre navegar acompanhado de um rebocador, reflexo de sua confiabilidade questionável.

Corrupção e desafios logísticos

O prolongamento dos trabalhos de modernização, associado aos altos custos (estimados em mais de 1,5 bilhão de dólares), levanta suspeitas de má gestão e corrupção. Analistas apontam que parte do orçamento pode ter sido desviado, e a falta de fiscalização contribuiu para o abandono gradual do projeto. A doca PD-50 nunca foi recuperada, limitando severamente as possibilidades de grandes intervenções na estrutura do navio.

Em março de 2024, o FSB revelou ter frustrado um plano de sabotagem contra o navio. Segundo informações oficiais, agentes ucranianos tentaram recrutar um marinheiro por redes sociais para realizar um ataque a bordo. Embora o ataque tenha sido evitado, o episódio expôs a fragilidade da segurança interna do programa.


O que esperar do futuro?

A possível retirada de serviço do Admiral Kuznetsov deixa a Rússia sem qualquer meio de projeção aérea embarcada. Em contraste, potências como Estados Unidos, China, França e até Índia e Türkiye avançam com a construção de novos navios-aeródromo, muitos deles com propulsão nuclear e plataformas adaptadas para operar aeronaves de 5ª geração e drones.

Ainda que setores do Ministério da Defesa defendam o desenvolvimento de um novo porta-aviões russo, a realidade orçamentária imposta pela guerra na Ucrânia torna improvável o lançamento de um projeto dessa magnitude no curto prazo. A prioridade atual do Kremlin está centrada em manter a capacidade de dissuasão nuclear, apoiar as forças terrestres em operações prolongadas e expandir sua frota de submarinos.

O provável fim do Admiral Kuznetsov representa não apenas o encerramento de um capítulo da história naval da Rússia, mas também o reconhecimento de que a era dos grandes porta-aviões pode estar chegando ao fim para países que enfrentam limitações financeiras e operacionais. Para Moscou, a aposta agora parece recair sobre armas assimétricas, como mísseis hipersônicos, guerra eletrônica e meios não tripulados, tecnologias mais alinhadas ao cenário contemporâneo de combate.

Projeto 23000 - "Storm"

Ainda assim, o fim do Kuznetsov deixa um vazio simbólico. Por décadas, o navio foi um dos principais instrumentos de prestígio e projeção de poder do Kremlin. Seu abandono definitivo marca uma virada estratégica e talvez ideológica nas ambições navais da Rússia.


Por Angelo Nicolaci


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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Exército Brasileiro apresenta o balanço da megaoperação de segurança da Cúpula do BRICS 2025

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As Forças Armadas concluíram com êxito a Operação Redentor, que garantiu a segurança durante a Reunião de Ministros das Finanças e a Cúpula de Líderes do BRICS 2025, realizadas no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 7 de julho. Os eventos reuniram chefes de Estado, delegações estrangeiras e autoridades nacionais, exigindo um dos maiores esquemas de segurança do país nos últimos anos.

Coordenada pelo Ministério da Defesa, a operação foi conduzida pelo Comando Operacional Conjunto Redentor (C Op Cj Redentor), estrutura que reuniu Exército, Marinha e Força Aérea em ações integradas de defesa e segurança. As atividades envolveram patrulhamento terrestre e aéreo, proteção de infraestruturas críticas, defesa cibernética, escoltas e controle de acessos, além de ações contra ameaças aéreas e operações especializadas em Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN).

Ao todo, cerca de 21 mil militares foram mobilizados, sendo 17 mil do Exército, além de 2 mil da Marinha e 2 mil da Força Aérea. O efetivo foi distribuído em pontos estratégicos da cidade, com foco nas zonas sul e oeste, atuando para preservar a segurança tanto das autoridades quanto da população local.

Entre os meios empregados na operação, destacam-se o uso de veículos blindados, helicópteros, radares, navios, embarcações, viaturas e motocicletas. Também foram ativados sistemas antiaéreos, equipamentos antidrone e recursos de guerra eletrônica. Durante a operação, aviões de caça mantiveram-se em alerta, sob coordenação do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE).

Os números da operação refletem sua magnitude:

  • 17 mil militares empregados em ações terrestres;

  • 60 blindados e 500 viaturas em operação;

  • 147 motocicletas, seis helicópteros e três radares mobilizados;

  • Mais de 50 mil quilômetros de vias urbanas patrulhadas;

  • Cerca de 300 varreduras DQBRN realizadas;

  • Mais de 80 atividades de escolta;

  • Proteção de 60 infraestruturas consideradas estratégicas;

  • Estabelecimento de mais de 100 pontos de controle;

  • Interceptação e neutralização de 10 drones por meio de interferência eletromagnética;

  • Patrulhamento naval com mais de 1.800 milhas náuticas navegadas e 430 embarcações inspecionadas.

As atividades foram realizadas de forma integrada com órgãos de segurança pública e agências de defesa, evidenciando o nível de coordenação entre as Forças Armadas e demais instituições envolvidas na operação.

O Comando Militar do Leste, responsável pela condução local das ações, destacou o alto nível de preparo e a capacidade de resposta demonstrada pelas tropas, que atuaram de maneira eficiente para garantir a segurança durante o evento. A operação reforçou a capacidade nacional de conduzir eventos internacionais de grande porte, assegurando proteção ampla e eficiente às autoridades e à sociedade.



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COP Internacional 2025: O maior congresso latino-americano de operações policiais volta a São Paulo com foco em inovação e integração

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De 23 a 25 de outubro de 2025, o São Paulo Expo será palco da 5ª edição do Congresso de Operações Policiais, COP Internacional, considerado o principal evento latino-americano dedicado à segurança pública e às atividades policiais. O evento tem como missão estreitar a relação entre a sociedade civil, as forças de segurança, o setor político e o sistema de justiça do Brasil, promovendo um ambiente de informação, inovação e negócios.

A edição 2025 do COP Internacional terá como tema central “Inteligência Artificial e Drones Policiais”, refletindo as rápidas transformações tecnológicas que estão redefinindo as operações de segurança em todo o mundo. A expectativa é que o congresso se consolide como o epicentro de debates estratégicos, troca de conhecimento e apresentação de soluções tecnológicas que moldarão o futuro da segurança pública.

Com mais de 80 expositores nacionais e internacionais confirmados, o evento reunirá empresas líderes no segmento, como CBC, Taurus, Springfield Armory, Condor, Axon, Glock, Benelli, Hyterra, Tait Communications, e muitas outras. Esses expositores apresentarão inovações em equipamentos, sistemas e tecnologias voltadas para segurança e defesa, atraindo a atenção de agentes públicos, autoridades e da sociedade em geral.

Além da exposição, o COP Internacional 2025 contará com uma agenda robusta de palestras e painéis conduzidos por importantes especialistas do setor. Entre os temas previstos estão o crescimento dos conflitos entre facções criminosas no Brasil, as estratégias de enfrentamento adotadas pelas forças policiais, operações aéreas em segurança pública, a atuação dos grupos táticos nas polícias judiciárias e a gestão dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública.

Nomes de destaque já confirmaram presença para compartilhar suas experiências e visões, incluindo Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Artur Dian, Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo, Dra. Camila Pintarelli, Diretora de Gestão do Fundo Nacional de Segurança Pública, além de autoridades e líderes das polícias militares e civis de diferentes estados.

O evento também será ponto de encontro para mais de 15 delegações de órgãos estratégicos, como a Câmara Técnica de Inteligência de Segurança Pública, a Secretaria Nacional de Políticas Penais, o Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública e o Conselho Nacional dos Comandantes Gerais das Polícias Militares, entre outros. Esses grupos realizarão encontros para debater políticas, operações e modernização das forças policiais brasileiras.

João Sansone, idealizador e organizador do COP Internacional, destaca a relevância do congresso: “Estamos preparando um evento com muita inovação, buscando superar o recorde da última edição, que contou com mais de 12 mil participantes e gerou mais de R$100 milhões em negócios efetivados”. O congresso é aberto ao público maior de 18 anos, com inscrições gratuitas para membros da segurança pública, e promete movimentar o setor durante os três dias.

Patrocinado por grandes empresas do segmento de segurança e defesa, como Springfield Armory, Taurus, CBC, Condor e Linkmesh Technology, o COP Internacional 2025 reafirma seu papel como o maior evento do gênero na América Latina, impulsionando a integração entre tecnologia, operações policiais e a sociedade civil.

Para participar, as inscrições já estão abertas no site oficial do evento: https://cop.international/.


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Brasil demonstra interesse no sistema de defesa aérea europeu EMADS

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O Brasil deu um importante passo para modernizar sua capacidade de defesa aérea. Após meses de negociações travadas com a Índia, o Exército decidiu abrir um novo canal de diálogo com a Itália, que poderá resultar na aquisição do sistema EMADS (Enhanced Modular Air Defense Solutions), um dos mais modernos atualmente disponíveis no mercado. A operação, que pode chegar a R$ 5 bilhões, é tratada como prioridade estratégica pela Força Terrestre.

O EMADS é desenvolvido pela europeia MBDA, em parceria com a Leonardo, duas gigantes do setor de defesa, e tem como principal diferencial o uso do míssil CAMM-ER (Common Anti-Air Modular Missile – Extended Range). Com alcance superior a 40 quilômetros, o sistema é projetado para interceptar diversas ameaças aéreas, incluindo caças, mísseis de cruzeiro, drones armados e munições guiadas. Além do alcance estendido, o sistema utiliza tecnologia de lançamento vertical com "soft launch", o que reduz a assinatura térmica e amplia a segurança operacional, especialmente em ambientes urbanos ou próximos a instalações críticas.

Um fator que pesou fortemente na escolha brasileira foi a sinergia entre o sistema terrestre EMADS e o sistema de defesa aérea naval que será utilizado pela Marinha do Brasil. As novas fragatas Classe Tamandaré, atualmente em construção em Itajaí (SC), também empregarão a mesma família de mísseis CAMM-ER. Essa compatibilidade permitirá ao Brasil ganhos expressivos na logística e no treinamento, além de abrir caminho para possíveis acordos de compensação industrial que incluam a produção local de componentes e mísseis no futuro.

O cenário contrasta com as negociações anteriores que estavam sendo conduzidas com a Índia. Durante meses, o Brasil buscou adquirir o sistema Akash, desenvolvido pelas estatais Bharat Dynamics Limited (BDL) e Bharat Electronics (BEL). Contudo, os indianos insistiram em oferecer uma versão mais antiga do sistema, menos avançada e com desempenho inferior em relação às ameaças modernas. Apesar do acordo também envolver a venda dos cargueiros KC-390 Millennium da Embraer, a proposta não evoluiu.

Agora, nas tratativas com a Itália, o governo brasileiro continua a promover o KC-390 como parte do pacote comercial, mas segundo fontes, a aquisição do EMADS não está condicionada à compra das aeronaves. Trata-se, segundo interlocutores envolvidos nas discussões, de duas negociações separadas, embora haja interesse mútuo em ampliar a cooperação bilateral no setor de defesa.

A decisão do Brasil ocorre em um momento no qual a preocupação com a segurança aérea cresce em todo o mundo, diante de um cenário global marcado por tensões geopolíticas e pelo uso cada vez mais frequente de mísseis e drones em conflitos armados. Atualmente, o Brasil possui sistemas antiaéreos limitados, com capacidade restrita para neutralizar ameaças acima de 3 mil metros de altitude. A aquisição de um sistema como o EMADS colocaria o país em um novo patamar, reduzindo uma vulnerabilidade histórica e ampliando a capacidade de proteção de infraestruturas estratégicas.

Mais do que uma simples compra, a negociação com a Itália representa um movimento estratégico para a defesa nacional. Ao apostar em um sistema moderno, interoperável e com potencial de integração industrial, o Brasil demonstra foco em soluções de longo prazo, mirando tanto a proteção de seu território quanto o fortalecimento da base industrial de defesa.


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com CNN


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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Irã abandona sistemas russos e aposta na China para reconstruir suas defesas aéreas após ataques israelenses

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O Irã, tradicional aliado militar da Rússia no Oriente Médio, deu um passo inédito ao escolher sistemas de defesa aérea chineses HQ-9B para reconstruir sua rede antiaérea, amplamente destruída pelos ataques israelenses. A decisão evidencia a insatisfação iraniana com a performance dos sistemas russos S-300, levantando dúvidas sobre o futuro de outras parcerias no âmbito de defesa  entre Teerã e Moscou, como a aquisição de caças Su-35, que também está em xeque.

A aquisição iraniana dos HQ-9B foi revelada pelo site Middle East Eye, que citou autoridades regionais com acesso direto ao acordo. As entregas começaram logo após o término do cessar-fogo informal entre Irã e Israel, no dia 24 de junho. Segundo as informações, o Irã pagará as baterias com petróleo, moeda de troca que lembra acordos da Guerra Fria, consolidando ainda mais a dependência iraniana da China, seu principal parceiro comercial.

A derrocada dos S-300 no Irã

Durante anos, o Irã apresentou os S-300 PMU-2 como um símbolo de sua capacidade defensiva. Comprados da Rússia em 2007 por US$ 1 bilhão, os sistemas demoraram quase uma década para serem entregues, chegando apenas em 2016, em meio a uma série de embargos internacionais.

S300PMU-2 se mostraram ineficientes no Irã

Porém, a realidade dos combates recentes expôs a fragilidade desses sistemas frente à guerra moderna. Nos ataques israelenses de abril e outubro de 2024, os S-300 foram amplamente neutralizados por mísseis de cruzeiro e drones, mesmo com o Irã alegando que suas defesas haviam derrubado várias aeronaves inimigas.

No mais recente conflito de 12 dias entre Irã e Israel, encerrado em junho, as Forças de Defesa de Israel (IDF) provavelmente eliminaram o que restava dos S-300 iranianos. Segundo fontes israelenses, as baterias russas falharam repetidamente em detectar ou interceptar aeronaves furtivas F-35 e mísseis israelenses. Ainda que a mídia estatal iraniana tenha alegado o abate de quatro F-35, três deles supostamente derrubados pelo sistema de defesa aérea iraniano Bavar 373, nenhuma prova concreta foi apresentada. Especialistas apontaram que as imagens divulgadas pelo governo iraniano eram visivelmente manipuladas.

Bavar 373

Diante da destruição praticamente total de suas defesas de médio e longo alcance, Teerã foi forçado a buscar uma alternativa, e a resposta veio da China.

O HQ-9B: uma nova aposta para o Irã

O sistema HQ-9B, fabricado pela China, emprega mísseis superfície-ar de longo alcance baseado em tecnologia russa, mas com significativas melhorias em eletrônica e capacidade de travamento de alvo. Seu alcance pode chegar a 260 km, superior aos cerca de 195 km dos S-300 PMU-2.

O HQ-9B também emprega radares do tipo AESA (Active Electronically Scanned Array) e sensores infravermelhos passivos, o que teoricamente o torna mais eficiente contra aeronaves furtivas como o F-35. Além disso, possui maior resistência a bloqueios e interferências eletrônicas, uma vulnerabilidade notória dos sistemas russos, agravada pela guerra eletrônica cada vez mais presente nos conflitos modernos.

A China é hoje o destino de quase 90% das exportações de petróleo bruto iraniano, uma dependência econômica que também se reflete no campo de defesa. Ainda não foi revelado oficialmente quantos lançadores HQ-9B o Irã recebeu.

O futuro incerto dos caças Su-35 no Irã

Além dos sistemas antiaéreos, o Irã também repensa suas aquisições aéreas. Os caças russos Su-35, cuja venda ao Irã foi amplamente noticiada, ainda não foram entregues. A performance abaixo do esperado do Su-35 na guerra da Ucrânia, onde enfrentou dificuldades contra drones, mísseis ocidentais e caças de nova geração, reforçou as dúvidas em Teerã.

A imprensa iraniana e chinesa sugere que o Irã já analisa seriamente a compra do aeronaves chinesas J-10C. O Defa Press, veículo alinhado às Forças Armadas iranianas, publicou um artigo pedindo oficialmente a aquisição do J-10C como alternativa mais eficiente. De acordo com reportagens de 2021, o Irã teria interesse em até 36 exemplares da aeronave, também em troca de petróleo e gás natural.

O J-10C é uma aeronave de quarta geração, equipada com radar AESA e mísseis PL-15E de longo alcance, capaz de rivalizar com muitos caças ocidentais. A China tem promovido agressivamente essa aeronave como alternativa de baixo custo para países sancionados ou com restrições ao mercado ocidental.

Segundo fontes, durante uma visita recente à China, o ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasir Zadeh, teria formalizado o interesse na compra dos J-10C.

Uma ruptura estratégica com Moscou

O que antes era uma sólida parceria militar entre Rússia e Irã agora se desfaz diante dos olhos da comunidade internacional. A guerra na Ucrânia, que escancarou limitações graves nos equipamentos russos, e o fracasso dos S-300 no Oriente Médio geraram um forte desgaste da imagem de Moscou como fornecedor de armas confiáveis.

Países como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, por exemplo, recusaram-se a adquirir os S-300 e S-400, preferindo sistemas ocidentais, ou no máximo o Pantsir-S1 russo para defesa de ponto. A perda do Irã, seu maior cliente militar na região, representa um duro golpe para a indústria de defesa russa.

Já a China, discreta e pragmática, se fortalece como a nova provedora estratégica de armamentos no Oriente Médio, ampliando sua influência em uma das regiões mais voláteis do planeta.

Análise do GBN sobre o novo cenário

O caso do Irã escancara as transformações no teatro moderno de operações:

  • Fim da supremacia russa: A defesa aérea russa, antes símbolo de invencibilidade, tornou-se ineficiente diante de caças furtivos, mísseis de cruzeiro e guerra eletrônica. A destruição dos S-300 no Irã não é um fato isolado, mas o reflexo direto da inadequação desses sistemas à guerra moderna, como também visto na Ucrânia.

  • Ascensão chinesa na guerra tecnológica: A China, além de prover armamentos mais baratos, oferece soluções que integram eletrônica avançada, sensores redundantes e robustez contra bloqueios eletrônicos, características hoje essenciais para sobrevivência no campo de batalha. O HQ-9B é, essencialmente, um “S-300 aperfeiçoado” para o século XXI.

  • Dependência e pragmatismo iraniano: A escolha iraniana é pragmática. Ao invés de insistir na parceria com Moscou, o Irã busca o que há de mais eficaz dentro das restrições que enfrenta, mesmo que isso aprofunde sua dependência da China. Em meio a constantes ameaças de Israel e dos EUA, a prioridade de Teerã é garantir capacidade real de dissuasão, e não apenas propaganda.

Comparativo Técnico: S-300 PMU-2 vs HQ-9B

Característica S-300/PMU-2 (Rússia) HQ-9B (China)
Alcance Máximo  195 km Até 260 km
Teto 
Até 27 km Até 50 km
Radar Principal Radar phased array (30N6E, não AESA) Radar AESA + sensor infravermelho passivo
Missil Até Mach 4 Mach 4,2 a 4,7
Capacidade Contra Stealth Limitada Otimizada para aeronaves furtivas e mísseis
Resistência EW Moderada, vulnerável a interferências Alta resistência, com rastreamento redundante
Histórico Operacional Fraco no Oriente Médio e na Ucrânia Sem combate real, mas robusto em testes e simulações
Status no Irã Virtualmente destruído Entrando em operação (primeiras baterias entregues)


O Irã, diante da realidade do campo de batalha moderno, rompe com a dependência da Rússia e inaugura uma nova era de alinhamento com a China no setor de defesa. Os fracassos operacionais do S-300 e a falta de entrega dos Su-35 selaram o "divórcio" entre Moscou e Teerã.

O HQ-9B não é apenas uma substituição técnica, ele representa uma mudança de eixo geopolítico no Oriente Médio, com a China ampliando sua influência regional em detrimento da Rússia. Em meio a um cenário de drones, mísseis furtivos e guerra eletrônica, Teerã escolheu um caminho pragmático: sobreviver ao custo da autonomia.



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Macedônia do Norte: A Pequena Nação que Redesenha o Papel dos Exércitos na OTAN

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Enquanto os debates sobre o fornecimento de armamentos à Ucrânia ainda paralisam algumas das maiores potências militares da OTAN, uma pequena nação dos Balcãs tomou uma decisão ousada, que atraiu olhares atentos de analistas militares de todo o mundo. A Macedônia do Norte, membro da Aliança Atlântica desde 2020, transferiu para o front ucraniano toda a sua frota de carros de combate T-72, abrindo mão de seu principal ativo blindado. Contudo, o que, à primeira vista, poderia parecer um ato de sacrifício ou de solidariedade, na verdade, foi uma jogada estratégica cuidadosamente planejada.

Em vez de buscar substituir seus carros de combate por modelos equivalentes ou mais modernos, o país iniciou uma profunda reformulação de suas forças armadas, voltada à mobilidade, à tecnologia e à adaptação às exigências do campo de batalha moderno. A decisão de Skopje não representa apenas uma doação simbólica, mas sim a aposta em um modelo de defesa inteiramente novo, um que pode inclusive inspirar outras nações de pequeno porte dentro da OTAN.

O cerne dessa mudança está na substituição de plataformas blindadas pesadas por veículos leves e altamente móveis. A Macedônia do Norte baseará suas operações nos veículos táticos 4x4 JLTV (Joint Light Tactical Vehicle), de origem americana, e nos veículos blindados de transporte de tropas Stryker 8x8, reconhecidos por sua flexibilidade e mobilidade em terreno variado. Além disso, drones de múltiplas capacidades ocuparão um papel central na nova doutrina militar, com funções que vão desde a vigilância e reconhecimento até ataques de precisão, operando como uma extensão dos meios terrestres.

Essa força móvel será reforçada por sistemas de defesa aérea portáteis como os mísseis franceses Mistral, com planos em andamento para aquisição de um moderno sistema de defesa aérea de médio alcance. A meta é simples e objetiva: construir uma força armada pequena, mas com alta capacidade de resposta, capaz de atuar com eficiência em ambiente urbano, terrenos montanhosos e operações conjuntas com os aliados da OTAN.

Essa mudança estrutural não ocorre de forma isolada. Em julho deste ano, a Macedônia do Norte deve assinar um acordo de defesa de longo prazo com o Reino Unido, com forte apoio dos Estados Unidos. Esse pacto prevê uma década de modernização das forças armadas macedônias, incluindo investimentos significativos em equipamentos, treinamento e interoperabilidade com as forças aliadas. Além disso, o país vem fortalecendo suas parcerias com Montenegro e Eslovênia, buscando criar um novo polo de estabilidade e cooperação nos Balcãs Ocidentais, região historicamente marcada por tensões e conflitos.

Apesar de seu orçamento modesto US$ 388,3 milhões em 2025, a Macedônia do Norte tem impressionado os demais membros da OTAN. Desde 2024, o país já destina 2,2% de seu PIB à defesa, superando a meta mínima da Aliança, enquanto muitas nações europeias ainda não conseguem atingir esse patamar. Mais surpreendente ainda é a meta recém-anunciada de alcançar até 5% do PIB em investimentos de defesa nos próximos anos, o que colocaria a Macedônia do Norte entre os países mais comprometidos com a segurança coletiva da OTAN.

Analistas de defesa veem nessa abordagem uma alternativa interessante para pequenos estados-membros da Aliança Atlântica. Em vez de tentar imitar as forças armadas das grandes potências, com seus exércitos mecanizados e arsenais caros, a Macedônia do Norte aposta em um conceito mais realista e adaptado à sua realidade geográfica e econômica. O foco em mobilidade, vigilância e interoperabilidade permite ao país atuar como um importante reforço às operações coletivas da OTAN, sem arcar com os altos custos de uma força convencional tradicional.

Esse movimento reflete uma tendência crescente entre países da região, que estão deixando para trás os equipamentos herdados da era do Pacto de Varsóvia e investindo em sistemas ocidentais modernos. Um exemplo recente foi a República Tcheca, que entregou seus últimos carros de combate T-72M1 à Ucrânia e iniciou a transição para os carros de combate Leopard 2, de origem alemã.

O pano de fundo para essa mudança de paradigma é a guerra na Ucrânia, que se tornou o maior laboratório militar dos tempos recentes. O conflito revelou a vulnerabilidade de blindados pesados frente a armas portáteis de alta precisão e drones de baixo custo. A eficácia dos drones ucranianos, tanto para vigilância como para ataque, mudou radicalmente as regras do jogo. Unidades pequenas e móveis, equipadas com mísseis antitanque e drones de reconhecimento, têm demonstrado capacidade de deter, ou mesmo destruir, formações mecanizadas muito mais robustas.

O campo de batalha moderno exige cada vez mais forças armadas ágeis, com capacidade de dispersão e comunicação eficiente. A supremacia não está mais necessariamente no volume de equipamentos pesados, mas na capacidade de obter, compartilhar e agir com base em informações em tempo real. A guerra eletrônica também ocupa um papel central, com o uso maciço de sistemas de bloqueio, interferência e guerra cibernética. Além disso, o custo-benefício das operações tem sido reavaliado. Em diversos casos, drones de poucos milhares de dólares têm conseguido neutralizar plataformas que custam milhões.

A guerra na Ucrânia ainda trouxe à tona outro ponto crucial: a necessidade de integração entre as capacidades militares e civis, especialmente no que diz respeito às comunicações e ao uso de inteligência artificial. Sistemas como o Starlink, utilizados pelos ucranianos para garantir a conectividade, evidenciam como tecnologias comerciais podem ser rapidamente adaptadas para o campo de batalha.

Frente a esse cenário, a Macedônia do Norte surge como um exemplo pragmático e realista de como forças armadas de pequeno porte podem se manter relevantes. A combinação de mobilidade, tecnologia e integração com aliados permite que o país compense a ausência de grandes arsenais com eficiência operacional e flexibilidade estratégica.

Mais do que uma simples reestruturação militar, a estratégia de Skopje representa um novo paradigma para a defesa coletiva. Em vez de buscar supremacia pelo número, a Macedônia do Norte aposta na inteligência, na velocidade e na capacidade de adaptação. É um teste em tempo real para a OTAN, que poderá, nos próximos anos, observar se esse modelo compacto, mas tecnologicamente avançado, pode se tornar referência entre seus membros.

A lição que emerge dessa transformação é clara: no teatro de operações moderno, o tamanho das forças armadas não é mais a medida definitiva de sua eficácia. O que importa, cada vez mais, é a capacidade de adaptação, de operar em rede e de empregar tecnologias emergentes com agilidade e precisão. Nesse contexto, a Macedônia do Norte não apenas redesenha seu papel regional, mas também lança um sinal importante para toda a Aliança Atlântica: a guerra do século XXI pertence aos exércitos que conseguirem se reinventar.

Diante dos desafios expostos pelo conflito ucraniano, a decisão de abandonar os carros de combate e investir em veículos leves, drones e defesa aérea portátil não é apenas uma alternativa, mas possivelmente um vislumbre do futuro das guerras. As grandes potências continuarão a manter seus arsenais volumosos, mas os pequenos países da OTAN podem encontrar nessa abordagem um caminho viável para garantir sua segurança e, ao mesmo tempo, contribuir de forma relevante para a defesa coletiva.

Ao final, a Macedônia do Norte antes vista como um ator periférico no cenário militar europeu, assume uma posição central no debate sobre o futuro das operações militares. Com um modelo que alia realismo orçamentário, compromisso político e visão estratégica, o pequeno país dos Balcãs pode muito bem ter antecipado o que muitos ainda resistem em aceitar: no campo de batalha do século XXI, agilidade, tecnologia e integração podem valer muito mais do que o peso dos canhões.


por Angelo Nicolaci


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USAF Acelera Plano de Aposentadoria do A-10 "Warthog" para 2026

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A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) anunciou que pretende acelerar a aposentadoria da icônica aeronave de ataque A-10 Thunderbolt II, popularmente conhecida como "Warthog", com previsão de retirada total até o orçamento do ano fiscal de 2026. A decisão antecipa o cronograma inicialmente previsto para o final desta década, marcando o fim de uma era para uma das aeronaves mais reconhecidas no campo do apoio aéreo aproximado (CAS).

Segundo informações divulgadas pelo portal especializado Defense One, a USAF planeja retirar de serviço 162 unidades restantes da frota de A-10. Apesar de sua robustez comprovada e da atualização constante de seus sistemas, armamentos e aviônicos, a aeronave enfrenta desafios crescentes em um cenário geopolítico em rápida transformação.

Os atuais planejadores estratégicos da USAF consideram que a principal ameaça não são mais apenas grupos insurgentes ou forças armadas de capacidade limitada, mas sim adversários altamente capacitados, com defesa aérea integrada avançada. Com isso, a vulnerabilidade crescente do A-10, aliada ao envelhecimento estrutural, já que a aeronave não é mais fabricada há mais de 40 anos, pesou na decisão.

Além disso, a mudança de foco orçamentário também influenciou a decisão. Os recursos estão sendo gradualmente transferidos do F-35 Lightning II para o desenvolvimento do futuro caça de sexta geração, conhecido como F-47, projeto que integra o programa Next Generation Air Dominance (NGAD).

A-10 Thunderbolt II: O Ícone do Apoio Aéreo Aproximado

O A-10 Thunderbolt II entrou em operação no final da década de 1970, projetado especificamente para o apoio aéreo aproximado, com foco principal na destruição de blindados inimigos. Equipado com o lendário canhão rotativo GAU-8 Avenger de 30 mm, a aeronave é capaz de disparar projéteis de 30x173 mm com impressionante cadência, sendo temida por tanques e veículos blindados.

Além de sua impressionante potência de fogo, o A-10 destaca-se pela notável capacidade de sobrevivência. Projetado para operar em ambientes hostis, o "Warthog" possui blindagem reforçada ao redor de componentes críticos e sistemas de controle de voo redundantes. Sua resistência foi comprovada em diversos combates, onde frequentemente retornava à base mesmo após sofrer danos severos.

Movido por dois motores turbofan GE TF34, o A-10 pode transportar até 7.260 kg de munições e armamentos variados, além do próprio canhão GAU-8. Entre seus arsenais habituais estão mísseis ar-superfície, foguetes e bombas guiadas.

Destaques Operacionais e Legado do A-10

  • Guerra do Golfo (1991): O A-10 foi um dos protagonistas da Operação Tempestade no Deserto, destruindo mais de 900 tanques, 2.000 veículos militares e 1.200 peças de artilharia inimigas, segundo dados oficiais da USAF.

  • Guerra do Kosovo (1999): Atuou com eficiência contra posições sérvias, realizando missões de ataque a alvos blindados e apoio às tropas da OTAN.

  • Afeganistão e Iraque (2001-2010): Tornou-se símbolo de proteção das tropas terrestres aliadas, realizando milhares de missões de apoio aéreo aproximado contra insurgentes, com enorme eficácia no terreno montanhoso e urbano.

  • Síria e Iraque (2014-2018): Desempenhou papel central nos ataques contra posições do Estado Islâmico, provando-se novamente uma plataforma confiável e letal.

Entre suas qualidades mais notáveis, o A-10 Thunderbolt II se destaca pela robustez incomparável, sendo capaz de continuar voando mesmo após sofrer danos severos que comprometeriam outras aeronaves. Sua precisão no apoio aéreo aproximado é lendária, proporcionando segurança e eficácia no suporte direto às tropas em solo. Extremamente versátil, o A-10 consegue operar em bases improvisadas e pistas curtas, mantendo-se pronto para o combate em praticamente qualquer condição. Seu canhão rotativo GAU-8 Avenger, um dos armamentos mais potentes já instalados em uma aeronave, é capaz de destruir alvos blindados com facilidade, consolidando sua reputação de potência letal. Ao longo de décadas, acumulou um histórico marcante de sucesso em operações de combate, sempre demonstrando alto desempenho e eficiência no apoio às forças terrestres.

Mesmo com sua aposentadoria cada vez mais próxima, o A-10 Thunderbolt II permanecerá como uma lenda dos campos de batalha modernos, símbolo de resiliência, poder de fogo e dedicação inabalável à proteção das tropas no terreno. Mais do que isso, seguirá sendo lembrado como um verdadeiro martelo sobre as colunas blindadas e posições inimigas, temido por qualquer adversário que cruzasse seu caminho.


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