sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aeronáutica mudou parecer para ter caça mais barato


O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, confirmou ontem que entregou um novo parecer técnico ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a licitação F-X2, que prevê a compra de 36 caças supersônicos para a Força Aérea Brasileira (FAB). O relatório original, elaborado pela comissão técnica que trabalha no processo de seleção há quase dois anos, no entanto, segundo ele, não foi alterado.

Saito disse ainda que qualquer dos três aviões atende bem à FAB, sem citar sua preferência por nenhum deles, e comentou que caberá ao governo a decisão de indicar o melhor avião para o país. O novo parecer técnico, segundo o comandante, foi feito porque a francesa Dassault não havia honrado o compromisso, assumido com o governo brasileiro pelo presidente Nicolas Sarkozy, quando esteve no Brasil, em setembro do ano passado, de reduzir o preço das aeronaves.

"Na proposta final enviada para a FAB, a empresa francesa não havia reduzido seus preços e o governo cobrou isso dela. Então nós fizemos esse parecer que incluiu essa modificação solicitada pelo governo brasileiro", explicou. Saito não confirmou que o caça francês Rafale teria sido indicado como a melhor opção no novo parecer técnico elaborado a pedido de Jobim. "Não posso dizer qual foi a indicação. Esse relatório está cercado de confidencialidade", disse.

O novo documento, segundo o comandante da Aeronáutica, foi feito sem a participação da comissão técnica designada pela FAB para gerenciar o processo de seleção dos caças. Saito participou ontem da cerimônia militar de posse do novo diretor-geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann. O cargo era ocupado pelo brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva, que acaba de assumir a chefia do Estado-Maior da Aeronáutica (Emaer), em Brasília.

Segundo o brigadeiro Nicácio, o novo diretor do DCTA assume o cargo com o desafio de recompor o quadro técnico da instituição, que registra hoje déficit de mil pessoas, entre engenheiros, técnicos e pesquisadores. "O governo está cuidando disso e o processo de contratação de pessoal já foi para análise no Ministério da Defesa e será encaminhado em breve para o Planejamento."

O objetivo da FAB é elevar para 5 mil o número de funcionários civis dedicados às áreas de pesquisa e desenvolvimento do DCTA. Com a recomposição, a FAB esperar resolver um dos principais gargalos do programa de desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e acelerar o cronograma de lançamento do foguete. "Tivemos problemas com a reconstrução da plataforma de lançamento em Alcântara (MA), mas a ideia é lançar o VLS antes de 2014", disse o comandante da Aeronáutica. O projeto do veículo, de acordo com Nicácio, é considerado a prioridade número um entre os projetos do DCTA na área espacial.


Fonte: Valor Econômico

Nota do Blog: Bem amigos, agora é só esperar e ver o que nosso governo vai comprar para nossa FAB, pois pelo visto alteraram o relatório para beneficiar sim a escolha do Rafale. Mas venha o que vier, nossa preocupação maior será manter a aeronave que comprarmos em condições de voo, pois os recursos da FAB tem sofrido muito com contingências e cortes.

Hoje para ter ideia não conseguimos alcançar o nivel minimo de horas voo por piloto para se ter uma eficiência adequada na operação de nossos vetores. Lembrando que os custos de qualquer uma das 3 que venham a sair vencedora do FX-2 é bem maior que o de nossas atuais aeronaves.

2 comentários:

  1. Sr Nicoláci,

    Qual seria o número de horas ideal para nossos amx, f-5br e mirage 2000 C e D? E qual a atual?

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  2. Grande Ivan,

    A relação de horas de voo ideal há um minimo para manter o adestramento de nossos pilotos, mas não basta apenas voar, mas sim voar e exercitar as doutrinas operacionais e de combate, principalmente as de engajamento e interceptação no caso da aviação de caça, a de precisão nos bombardeios no caso dos AMX.
    Levando isso em consideração, o número minimo aceitável para se desenvolver todo o envelope de missões que um aviador militar deve possuir um minimo anual de 230 horas, isso não só considerando as aeronaves AMX,F-5,M-2000, mas como um todo, incluindo neste objetivo as aeronaves de apoio como as R-99 A/B, reabastecedores Hércules e etc...

    Pois o ideal seria até um número maior de hora voo, mas atualmente muitos de nossos pilotos mal conseguem atingir as 100 horas voo anual, isso ocorre principalmente pela falta de recursos e em algumas unidades pela baixa disponibilidade das aeronaves, que nos ultimos anos ate que sofreu uma melhoria.

    Atualmente é tido como objetivo a FAB as 180 horas anuais. Sendo essa meta atingida hoje principalmente pelos pilotos de nossas aeronaves de transporte.

    Como eu expressei em nota desta matéria, não adiantará termos novos vetores, sejam eles franceses ou suécos se não resolvermos a maior deficiência enfrentada não só pela FAB, mas por todas nossas FAs, o contigênciamento de recursos.

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