terça-feira, 6 de outubro de 2009

China e países árabes planejam eliminar dólar do comércio de petróleo, diz jornal


Os países do Golfo Árabe, junto a China, Rússia, França e Japão, estariam planejando substituir o dólar por uma cesta de moedas nas transações de petróleo, segundo reportagem do jornal britânico "The Independent", publicada nesta terça-feira.

De acordo com o jornal, já foram realizadas algumas reuniões secretas com ministros das finanças e presidentes de bancos centrais, inclusive no Brasil, para discutir o plano.

As informações, no entanto, foram negadas por líderes árabes e russos, segundo a agência de notícias Reuters, e teria provocado queda na cotação do dólar.

Entre as moedas da cesta, estariam incluídos o iene japonês, o yuan chinês, o euro, ouro e uma moeda única --atualmente em estágio de planejamento-- dos países do Conselho de Cooperação do Golfo, que inclui a Arábia Saudita, Abu Dhabi, Kuait e Qatar.

O jornal, no entanto, não explica como nem quando essa mudança teria lugar.

"Os planos, confirmados para o Independent por fontes bancárias chinesas e do Golfo Árabe em Hong Kong, podem ajudar a explicar a repentina alta do ouro, mas também são um presságio da extraordinária transição dos mercados em dólar dentro de nove anos", afirma o jornal.

Os Estados Unidos devem reagir para evitar que isso ocorra, diz a reportagem, o que poderia render uma "guerra econômica entre EUA e China sobre o petróleo do Oriente Médio, mais uma vez tornando os conflitos da região em uma batalha para maiores poderes e supremacia".

"O declínio do poder econômico americano ligado à atual recessão global já havia sido implicitamente reconhecido pelo presidente do Banco Mundial Robert Zoellick. 'Um dos grandes legados desta crise pode ser o reconhecimento de mudanças nas relações de poder econômico', disse ele em Istambul antes das reuniões desta semana do FMI e do Banco Mundial."

Mas, segundo o Independent, foi o novo e extraordinário poder econômico da China --aliado à raiva dos países produtores e consumidores de petróleo com o poder americano de interferir no sistema financeiro internacional-- que provocou as discussões envolvendo os países do Golfo.

"O Brasil demonstrou interesse em colaborar com pagamentos de petróleo em outra moeda que não o dólar, assim como a Índia", afirma o jornal, para quem a China, no entanto, é a mais entusiasmada, principalmente por causa de seu enorme volume de comércio com o Oriente Médio.

Os chineses, inclusive, acreditariam que as discussões para a mudança de sistema já estão tão avançadas, que seriam irreversíveis, afirma a reportagem.

Editorial

Em editorial separado, o "Independent" afirma que a transição do dólar é o presságio de uma nova ordem mundial e reflete as mudanças na economia mundial.

"Não é difícil ver os motivos para que os exportadores de petróleo deixem o dólar: o valor da moeda americana caiu drasticamente desde a desaceleração do ano passado. E está aumentando o medo, por conta da crescente dívida pública americana, de que a moeda desvalorize mais ainda. Eles não querem vender suas mercadorias em troca de uma moeda cujo futuro é incerto."

Segundo o editorial, até agora fazia sentido que o comércio internacional fosse feito em dólares, já que os Estados Unidos era o poder dominante e tinha transações comerciais com praticamente todos os países.

"Mas agora os EUA já não são o poder dominante de outrora. A crise financeira deixou o país atrelado a significativas dívidas domésticas e do governo e reduziu drasticamente as perspectivas de crescimento."

O jornal lembra, no entanto, que a determinação da China em aumentar suas exportações a todo custo foi o maior fator da instabilidade econômica mundial nos últimos anos.

Os superávits comerciais e a manipulação de Pequim para manter o iuan desvalorizado forçaram os países ocidentais a incorrer em grandes déficits comerciais, e sua pressão teria contribuído para a crise financeira do ano passado, diz o editorial.

"Faz sentido mudar gradualmente do dólar para outras moedas. Mas sem o compromisso de governos mundiais --tanto de países ricos como em desenvolvimento-- para reduzir os desequilíbrios desestabilizantes do comércio global, nós vamos entrar em uma nova era de incertezas, e uma que poderia fazer com que tivéssemos saudades dos dias das dominantes verdinhas", conclui.

Fonte: BBC Brasil

7 comentários:

  1. Lucas Calabrio06/10/2009, 08:41

    Prezados
    A hegemonia já não existe, mas esse é o maior indicativo do início da queda do império norte-americano. Não exite império sem valor de sua moeda.
    Abraço

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  2. DECLINIO E QUEDA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO?
    Por Fábio de Oliveira Ribeiro 02/10/2007 às 16:05

    A dependência do petróleo estrangeiro e das guerras para obtê-lo pode acabar enterrando os EUA. Na sua lápide poderemos escrever: "Aqui Jazz"

    É difícil dizer se os EUA são ou não uma potência decadente. Vários são os critérios que poderíamos utilizar para avaliar e julgar as potencialidades americanas.

    Se considerarmos a participação do PIB americano no PIB mundial, os EUA estão em franca decadência. A economia americana não representa hoje o que representava em termos planetários nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado.

    Todavia, há que se considerar que o aumento da importância econômica dos EUA no cenário internacional naquela época estava diretamente relacionado à destruição das economias européias por causa da II Guerra Mundial. Inglaterra, Alemanha e França reconstruíram suas economias e recuperaram hoje a importância que tinham antes da grande guerra.

    Caso adotemos como critério o crescimento econômico, a China já superou temporariamente os EUA. Enquanto a economia americana oscila entre um crescimento medíocre e recessões, os chineses crescem 10% ao ano uma década. Mas é claro que a China depende do constante fluxo de investimentos externos e boa parte do dinheiro que chega lá é proveniente dos EUA.

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  3. Lucas Calabrio06/10/2009, 09:00

    Prezados
    Um grave problema da queda de um império é que tem um outro querendo a sua vaga. A China tem pretensão, mas não creio pois o mundo atualmente nào aceitará mais imperios e sim partilha de poder para um mundo mais saudável
    Abraços

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  4. Vários são os critérios que poderíamos utilizar para avaliar e julgar as potencialidades americanas.Se considerarmos a participação do PIB americano no PIB mundial, os EUA estão em franca decadência. A economia americana não representa hoje o que representava em termos planetários nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado.Todavia, há que se considerar que o aumento da importância econômica dos EUA no cenário internacional naquela época estava diretamente relacionado à destruição das economias européias por causa da II Guerra Mundial. Inglaterra, Alemanha e França reconstruíram suas economias e recuperaram hoje aimportância que tinham antes da grande guerra.Caso adotemos como critério o crescimento econômico, a China já superou temporariamente os EUA. Enquanto a economia americana oscila entre um crescimento medíocre e recessões, os chineses crescem 10% ao ano uma década. Mas é claro que a China depende do constante fluxo de investimentos externose boa parte do dinheiro que chega lá é proveniente dos EUA.A superioridade militar americana é relativa.

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  5. Lucas Calabrio06/10/2009, 09:09

    Prezados
    Lembrando
    O primeiro império do mundo foi o romano, o segundo foi o britânico e o terceiro foi o norte-americano
    Abraços

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  6. Lucas Calabrio06/10/2009, 09:11

    Um país que gasta trilhões de dolares em guerra, quer a sua ruína

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  7. Concordo contigo amigo Lucas, o mundo não irá mais aderir a um império hegemônico, mas a alianças entre vários atores, tornando o mundo multipolar, pois a história tem demonstrado como é ruim para humanidade ter o domínio uni ou bi-polar, ambas as situações ja vivenciamos nos últimos séculos. Com o advento da globalização no âmbito de decisões e partilha de responsabilidades, que tem sido o caminho adotado por diversas nações para não expor suas economias ou prestigio internacional, vejo que o futuro sera multi-polar, onde americanos continuarão exercendo uma influência, mas muito limitada se comparada a decadas passadas, dividindo o poder com diversas nações como China, Russia e mesmo o Brasil se conseguirmos manter as rédeas.

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